Madrugada, 3:50 de Sábado. Terminei de ler A Metamorfose, já assisti ao Jornal da Globo, Jô, Intercine e agora está passando um seriado idiota. Daqui a pouco começa Campeonato de Vôlei Feminino. Minha mãe gosta tanto, mas acho que ela não vai assistir…
Sim, estou no hospital com ela. Entrei às 19h do dia 05 de novembro e devo sair só às 19h de hoje. Dormir? Não dá. Embora ela esteja calma e dormindo, uma cochilada pode por tudo a perder, pois ela acorda com bastante frequência e pode se machucar de novo, então prefiro ficar acordado.
Sabe, é estranho. Perdi meu pai em 1998, sendo que mal sabia da gravidade do seu problema. Ele tinha cirrose, mas minha mão não queria nos contar, dizendo que era ulcera. Até que um dia, em meio a uma aula no cursinho em São Carlos, sou chamado para atender ao telefone. Era minha irmã, e a mensagem foi simples: venha logo que o pai não está bem. Saí às pressas, sem falar nada para ninguém, nem para os poucos amigos que tinha ali (nunca mais falei com eles), arrumei as coisas e fui para a rodoviária, pegar o próximo ônibus para novo Horizonte. No dia seguinte, 05 de agosto, três dias depois do aniversário da minha mãe e cinco antes do meu irmão, ele morreu.
Agora estou aqui, com minha mãe. Embora hoje ela esteja melhor, o médico deixou bem claro: o caso dela é gravíssimo e pode acontecer algo a qualquer momento. Ele preferiu não mandá-la para a UTI por entender que o contato com a família possa ajudar.
É nesse ponto que digo que é estranho. Ter que conviver com a ideia de que, a qualquer momento, eu possa perdê-la. Por mais que esteja consciente disso, é estranho imaginar, ainda mais num momento em que minha esposa e eu estamos tentando ter um filho, e ela será avó.
Bem, o que me resta é esperar. Estar ao seu lado, dando carinho e atenção, e esperar. Agradecer o apoio dos amigos e familiares, e esperar. Ter a fantástica força que minha esposa está me dando, e esperar. Sem minha esposa não sei como estaria minha cabeça…
São 4:15 da manhã. Daqui quinze minutos começa o jogo. Então, vou esperar…
Má, entendo pelo que você está passando e tenho certeza de que sua mãe fica feliz com o filho que vc é e tem sido. Estar perto ajuda, principalmente de alguém tão bom qto vc. Sempre estarei na torcida por vocês.
ResponderExcluirGrande beijo e continuem com a força, Dé