(Não leu desde o inicio? Então aproveite em http://blagoiaba.blogspot.com.br/2013/09/aos-meus-amigos-introducao.html )
_ Que tá fazendo, Leo? –
Perguntava o André pelo telefone.
_ Tô de boa em casa, assistindo
televisão.
_ Dá um pulo aqui em casa. O
Jonatan e eu compramos uma garrafa de Uísque.
E foi assim que deu inicio a
noite do meu verdadeiro primeiro porre. Minha mãe havia ido jogar baralho na
casa de uma amiga. Meu pai estava num churrasco com a turma do futebol e meu
irmão tinha saído com seu amigo, o Borges. Minha irmã, pra variar, estava com o
namorado. Era um sábado à noite, véspera de eleições municipais. Eu tinha dito
aos meus pais que estava cansado e que não iria fazer nada, e a intenção
realmente era essa, até ouvir o convite do André.
_ Opa! Já tô descendo.
Troquei de roupa, peguei a
bicicleta e fui pra lá rapidinho. Coloquei calça e camiseta novas, pois,
conhecendo os dois, certamente daríamos uma volta no centro depois, já que era
sábado à noite.
Chegando lá o André e o Jonatan
estavam sentados na área, tomando o uísque e jogando baralho. A tia Josefa não
dava muita bola por bebermos, e geralmente ficava no seu quarto quando o tio
Ernesto estava viajando a trabalho, mal saindo de lá.
_ Pega um copo na cozinha e trás
mais gelo para nós. – Disse o André, e assim o fiz.
Enchemos os copos e acendemos
cigarros, dando inicio a um jogo de caxeta.
_ Sua mãe não vai sair do quarto
mesmo? – Quis ter certeza antes de pegar o cigarro para dar uma tragada.
_ Relaxa Leo. Há essa hora ela já
está no décimo sono.
Pouco depois outra enchida de
copos.
_ Será que a praça vai tá cheia
hoje?
_ Sei lá. Depois da meia noite é
lei seca, então acho que vai acabar cedo.
_ Opa! Bati seus imbecis.
E mais uma enchida e cigarros.
_ Vai lá pegar mais gelo,
Jonatan.
_ Ok. Vou aproveitar e dar uma
mijada. Caraio...!
_ Que foi?
_ Levantei e rodou tudo, hahahaha.
Que massa.
E outra rodada...
_ Por que o Vini não veio?
_ Passei na casa dele e não tinha
ninguém.
_ Porra! O gelo acabou de novo...
Tempo depois tínhamos matado a
garrafa toda.
_ Vamos dar um pulo no centro?
_ Opa! Vamos ver umas gatinhas.
_ Caramba Jonatan! Tinha razão,
foi só levantar que deu tontura.
_ A gente tava bebendo sentado.
Aí nem percebe que tá ficando bêbado. Da hora, hahahaha.
E saímos os três, trançando as
pernas, em direção ao centro onde estava o movimento.
Tudo parecia irreal: as pessoas
davam a impressão de estarem mais alegres; as luzes deixavam rastros; os sons
estavam mais lentos... não conseguíamos manter a atenção ou terminar um
diálogo. Até que encontramos o Vini junto com o Silvinho.
_ E aí moçada. Parece que vocês
já estão bem, hahahahaha. Que acha Silvinho?
_ Acho que já passaram do chamado
“bem”. Que tá sentindo, André?
Quando o Jonatan e eu olhamos, o
André estava pálido, com a cabeça baixa e mais molenga que o normal da
bebedeira.
_ Tô passando mal. Acho que vou
vomitar...
_ Caramba! Pra levar ele pra casa
tá meio longe agora. – Disse o Vini. Então sugeri:
_ Vamos levar ele na minha casa.
É aqui pertinho.
_ Mas sua mãe não vai ficar
brava?
_ Não tem ninguém em casa a essa
hora. E se o André dormir lá não tem problema.
E seguimos em direção à minha
casa, de modo que o Jonatan e eu nos apoiávamos um no outro, enquanto o Vini e
o Silvinho praticamente carregavam o André.
_ Chegamos. Esperem aí que eu vou
pegar a chave. – Disse.
_ Pegar a chave? – Se espantou o
Vini. – Mas você não disse que não tinha ninguém?
_ A gente deixa uma chave no
armarinho aqui no fundo. Pera aí.
Entrei pelo portãozinho lateral,
que ficava sempre aberto, me dirigi ao banheiro do fundo e peguei a chave no
armarinho, voltando para frente e abrindo a porta.
_ Vamos levar ele no banheiro.
Uma ducha gelada sempre ajuda. – Disse o Silvinho.
Tiramos as roupas do André, que
já estava praticamente desmaiado, e o colocamos debaixo do chuveiro, deixando-o
lá.
_ Acho que vou para a casa, Leo. –
Disse o Jonatan, com ar de muito bêbado.
_ Você tá bem para isso?
_ Devo tá. Amanhã a gente se
fala... – E saiu
_ Você tem café aí? – Quis saber
o Vini. – Vou preparar um pouco pro André.
Mostrei onde tinha e ele começou
a fazer, deixando uma bagunça na cozinha.
Tempo depois tiramos o André do
chuveiro, demos café para ele e o colocamos para dormir num colchão na sala do
fundo, onde eu costumava dormir aos fins de semana por ter televisão e ficar
mais afastado dos outros quartos. Me despedi do Silvinho e do Vini, agradecendo,
e resolvi dormir também, colocando outro colchão ao lado do que o André estava.
Quando entro na sala ele estava vomitando um monte ao lado do colchão, sujando
tudo, e quando acabou voltou a capotar de sono ou bebedeira.
_ André! André! Acorda pra limpar
essa merda, porra! – Mas nada dele sequer abrir os olhos.
Chapado, peguei uma toalha de rosto
e comecei a empurrar o vômito para baixo do sofá, me livrando momentaneamente
daquele nojo. Feito isso decidi, enfim, deitar para dormir. Arrumei o colchão e
o lençol e me deitei, mas tudo começou a rodar.
_ Que merda! – Pensei, e levantei
para ir ao banheiro, com a ideia de forçar o vômito para ver se melhorava...
_ Leo! Leo! O que você bebeu?
Responde moleque... – Perguntava meu pai enquanto me segurava debaixo do
chuveiro gelado.
Meu pai e meu irmão chegaram
praticamente juntos, e foram para o fundo ver como eu estava, já que havia dito
que não iria sair. Com as luzes todas apagadas, meu pai tropeçou em algo macio
e começou a dizer:
_ Sai Tobi! Sai! – Referindo-se
ao cachorro que pensava estar no meio do caminho, mas o Tobi não saia, e então
decidiu acender as luzes, me encontrando lá, caído de bêbado no meio do
corredor.
_ Uísque... – Respondia debaixo
do chuveiro, mal conseguindo falar.
Acordei pelado na cama, demorando
para entender o que havia acontecido. Me troquei, acordei o André e descemos
voando para o almoço na casa da vó Cotinha, onde fomos a sensação, tanto na
bronca como na gozação:
_ Se aprontar outra dessa nunca
mais sai de casa. – Falava minha mãe.
_ Todo mundo tem o primeiro
porre, filha. – Defendia o vô Tonico.
_ Não criei meu filho pra isso. –
Dizia o tio Ernesto, que havia chegado de viagem cedinho para votar.
_ Querem um golinho de
caipirinha? – Oferecia o tio Mané, rindo ao ver nossa cara de nojo só de pensar
em algo alcoólico.
E assim foi nosso domingo, sem
poder sair da casa da vó Cotinha para nada, nos divertindo apenas enquanto
contávamos para o Manezinho e o João da cagada que havíamos aprontado até a
parte que nos lembrávamos. Mas risada mesmo demos quando encontramos o Jonatan,
com o braço esquerdo todo ralado.
_ Eu só conseguia ficar em pé
escorado no muro, mas devido à bebedeira eu ficava dando voltas no quarteirão.
Ó o resultado, ó! Ralei todo o braço e nem senti na hora...
E foi só risada depois que tudo
passou.
(Continua a ler em http://blagoiaba.blogspot.com.br/2014/01/aos-meus-amigos-2-parte-ii.html )
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