segunda-feira, 14 de julho de 2014

Aos Meus Amigos - 19 (Parte II)

(Não leu desde o inicio? Então aproveite em http://blagoiaba.blogspot.com.br/2013/09/aos-meus-amigos-introducao.html )


O tempo passou. Cinco meses para ser mais exato. Nesse tempo algumas coisas aconteceram: perdi a virgindade; o vô Tonico faleceu; e me afastei dos amigos.
Perder a virgindade foi massa, mas não entrarei em detalhes. Quanto ao vô Tonico foi bem triste: choramos muito, reunimos família e amigos, mas todos sabiam que depois da morte da vó Cotinha cada vez mais ele definhava, de modo que aquilo representava um real descanso para ele. Quanto aos amigos, bem, precisava reatá-los, uma vez que meu namoro havia chagado ao fim e ter me afastado se mostrava um grande erro.
A Isabela era mesmo legal, mas aquela ideia de gostar dos meus amigos, bem, não era isso exatamente.
_ O pessoal vai ao bar do Pescocinho. Que acha de uma partida de bilhar ou fliperama?
_ Pode ser Leo, mas eu estava pensando de você passar aqui em casa, a gente assiste um filme juntinhos e tudo mais. Que acha? Meus pais nem estarão aqui.
_ Hummm! Pode ser. Vou ligar pro pessoal desmarcando.
Ou:
_ Vamos pra boate?
_ Vamos. Mas você vai ficar só comigo, né?
_ Claro amor.
E assim seguia:
_ Vamos beber, Leo?
_ Não bebe não, Amor...
_ Valeu galera. Tô de boa hoje.
E o pessoal parou de me ligar e eu de ligar para eles. Encontrava o Mário, o Cleber e o Hugo na escola e lá ficava sabendo das novidades e farras deles, mas o André e o Jonatan eu mal os via.
_ Se der vou com vocês na cachoeira fim de semana.
_ Vamos fingir que acreditamos Leo. Você vai é ficar com a sua namorada.
_ Não é bem assim!
_ Que nada. Falou tanto do Manezinho e tá fazendo igualzinho.
E ouvir isso só ia me afastando mais deles.
Todos os dias eu ia à casa da Isabela, e lá ficávamos até por volta das dez, quando tinha que voltar pra casa e evitar broncas da minha mãe. Fins de semana era ela que ficava em casa, onde costumávamos sair com meus pais para almoçar no clube ou em algum restaurante sábado à noite. Do mais, filmes e TV. Sempre juntos. E isso foi cansando...
_ Leo, minha irmã vai fazer quinze anos e vai ter uma puta festa. – Disse o Mário. – Meus pais deixaram eu chamar os amigos. Você vai, né?
_ Vou falar com a Bela, Mário.
_ Cara, pode levar ela, mas se você não for não fala mais comigo. E vai ter uísque à vontade. Os moleques estão todos malucos com isso.
_ Tá. Pode deixar que eu vou.
A Isabela não gostou muito da ideia. A irmã do Mário estava uma gata e ela morria de ciúmes dela, mas insisti muito para irmos.
_ Ok, eu vou. Mas se você beber na festa eu vou embora e te largo lá.
Apenas concordei, só pensando no uísque à vontade.
O dia da festa chegou. Ao entrar no salão do clube alugado para a festa logo vi a turma toda numa grande mesa.
_ Leo? Aqui ó! Tem um lugar aqui pra vocês. – Gritava o Hugo.
Nos dirigimos pra lá. A Isabela com cara de poucos amigos. Cumprimentamos todos e nos sentamos.
_ Tó, Leo. Uísque na faixa. Já enchi seu copo. – Me empurrou o copo o Cleber.
A Isabela me beliscou.
_ Valeu Cleber. Vou ficar no refrigerante mesmo.
Todos olharam sem acreditar, mas nada disseram.
Conversavam entre eles, e, muito às vezes, puxavam algum assunto me envolvendo, no qual eu ou dava pequenas e sem grassas risadas ou apenas fazia pequenos comentários. De resto, ficava grudado à Isabela, que parecia ter prazer em me vez daquele jeito.
_ Vou ao banheiro. – Disse a Isabela. – Me espera na porta?
_ Claro.
E nos levantamos, dizendo a todos que voltaríamos logo. Já alegres com as várias doses de uísque, nem deram muita bola.
_ Me espera aqui. – Disse a Isabela, me dando um beijo e entrando no banheiro.
Logo em seguida, senti me tocarem o ombro.
_ Pelo jeito não dá pra falar só com você a não ser assim, heim? – Disse o Jonatan, e a turma toda estava junto.
_ Leo, você tá muito bundão. – Falo o André.
Ameacei responder quando fui interrompido pelo Cleber:
_ Cara, você vai só ouvir. Daqui a pouco sua namorada sai dali e você vai voltar a ser um cachorrinho. Então só escuta.
_ É cara. – Disse o Mário. – Você mudou totalmente. Que aconteceu com o Leo de sempre? Essa menina te transformou.
_ Não tem nada a ver... – Arrisquei falar algo, mas não foi suficiente.
_ Nada ver? – Agora era o Hugo. – Leo, legal você parar de fumar, mas não beber nem uma dose de uísque? Aí já é demais! Certeza que você tá louco pra beber, e é ela que não tá deixando.
Fiquei em silêncio.
_ Vamos voltar, moçada. Logo a namoradinha dele sai do banheiro.
E depois dessa fala do André, todos se afastaram. Fiquei ali, arrasado. A Isabela saiu do banheiro.
_ Que foi?
_ Nada. Vamos voltar pra mesa?
_ Vamos. Mas não vamos demorar muito né?
_ Não. Pode ter certeza...
E voltamos à mesa, sabendo exatamente o que deveria fazer: nos sentamos, peguei um copo e pedi para colocarem uísque. A Isabela me puxava o braço:
_ O que você pensa que tá fazendo?
Percebia os moleques dando pequenas risadas. Brindei com eles e dei um longo e delicioso gole, de modo que ela me puxou mais forte:
_ Eu quero ir embora. Agora!
_ Tá bom. Só vou tomar mais uma dose.
E enchi novamente o copo. Ela se levantou na hora e foi saindo. Me levantei, virei meu copo, e me dirigi aos meus amigos:
_ Daqui no máximo uma hora eu volto.
Abriram um largo sorriso e brindaram entre eles.
Alcancei a Isabela na calçada, furiosa. A bebida realmente subiu, ainda mais que fazia tempo que eu não bebia.
Ela gritava e agitava os braços, nervosa. Eu procurava me manter calmo. Quando ela se cansou de gritar e exigiu uma resposta, lhe dei a resposta:
_ Eu quero terminar.

E assim iniciou uma longa conversa por altas horas da noite. Ao final, estava solteiro novamente, mas já sem pique de voltar para a festa. No dia seguinte começaria minha nova missão: Reatar a amizade com a turma. Pra valer.

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