(Não leu desde o inicio? Então aproveite em http://blagoiaba.blogspot.com.br/2013/09/aos-meus-amigos-introducao.html )
O tempo passou. Cinco meses para
ser mais exato. Nesse tempo algumas coisas aconteceram: perdi a virgindade; o
vô Tonico faleceu; e me afastei dos amigos.
Perder a virgindade foi massa,
mas não entrarei em detalhes. Quanto ao vô Tonico foi bem triste: choramos
muito, reunimos família e amigos, mas todos sabiam que depois da morte da vó
Cotinha cada vez mais ele definhava, de modo que aquilo representava um real
descanso para ele. Quanto aos amigos, bem, precisava reatá-los, uma vez que meu
namoro havia chagado ao fim e ter me afastado se mostrava um grande erro.
A Isabela era mesmo legal, mas
aquela ideia de gostar dos meus amigos, bem, não era isso exatamente.
_ O pessoal vai ao bar do
Pescocinho. Que acha de uma partida de bilhar ou fliperama?
_ Pode ser Leo, mas eu estava
pensando de você passar aqui em casa, a gente assiste um filme juntinhos e tudo
mais. Que acha? Meus pais nem estarão aqui.
_ Hummm! Pode ser. Vou ligar pro
pessoal desmarcando.
Ou:
_ Vamos pra boate?
_ Vamos. Mas você vai ficar só
comigo, né?
_ Claro amor.
E assim seguia:
_ Vamos beber, Leo?
_ Não bebe não, Amor...
_ Valeu galera. Tô de boa hoje.
E o pessoal parou de me ligar e
eu de ligar para eles. Encontrava o Mário, o Cleber e o Hugo na escola e lá
ficava sabendo das novidades e farras deles, mas o André e o Jonatan eu mal os
via.
_ Se der vou com vocês na
cachoeira fim de semana.
_ Vamos fingir que acreditamos
Leo. Você vai é ficar com a sua namorada.
_ Não é bem assim!
_ Que nada. Falou tanto do
Manezinho e tá fazendo igualzinho.
E ouvir isso só ia me afastando
mais deles.
Todos os dias eu ia à casa da
Isabela, e lá ficávamos até por volta das dez, quando tinha que voltar pra casa
e evitar broncas da minha mãe. Fins de semana era ela que ficava em casa, onde
costumávamos sair com meus pais para almoçar no clube ou em algum restaurante
sábado à noite. Do mais, filmes e TV. Sempre juntos. E isso foi cansando...
_ Leo, minha irmã vai fazer
quinze anos e vai ter uma puta festa. – Disse o Mário. – Meus pais deixaram eu
chamar os amigos. Você vai, né?
_ Vou falar com a Bela, Mário.
_ Cara, pode levar ela, mas se
você não for não fala mais comigo. E vai ter uísque à vontade. Os moleques
estão todos malucos com isso.
_ Tá. Pode deixar que eu vou.
A Isabela não gostou muito da
ideia. A irmã do Mário estava uma gata e ela morria de ciúmes dela, mas insisti
muito para irmos.
_ Ok, eu vou. Mas se você beber
na festa eu vou embora e te largo lá.
Apenas concordei, só pensando no
uísque à vontade.
O dia da festa chegou. Ao entrar
no salão do clube alugado para a festa logo vi a turma toda numa grande mesa.
_ Leo? Aqui ó! Tem um lugar aqui
pra vocês. – Gritava o Hugo.
Nos dirigimos pra lá. A Isabela
com cara de poucos amigos. Cumprimentamos todos e nos sentamos.
_ Tó, Leo. Uísque na faixa. Já
enchi seu copo. – Me empurrou o copo o Cleber.
A Isabela me beliscou.
_ Valeu Cleber. Vou ficar no
refrigerante mesmo.
Todos olharam sem acreditar, mas
nada disseram.
Conversavam entre eles, e, muito
às vezes, puxavam algum assunto me envolvendo, no qual eu ou dava pequenas e
sem grassas risadas ou apenas fazia pequenos comentários. De resto, ficava
grudado à Isabela, que parecia ter prazer em me vez daquele jeito.
_ Vou ao banheiro. – Disse a
Isabela. – Me espera na porta?
_ Claro.
E nos levantamos, dizendo a todos
que voltaríamos logo. Já alegres com as várias doses de uísque, nem deram muita
bola.
_ Me espera aqui. – Disse a
Isabela, me dando um beijo e entrando no banheiro.
Logo em seguida, senti me tocarem
o ombro.
_ Pelo jeito não dá pra falar só
com você a não ser assim, heim? – Disse o Jonatan, e a turma toda estava junto.
_ Leo, você tá muito bundão. –
Falo o André.
Ameacei responder quando fui
interrompido pelo Cleber:
_ Cara, você vai só ouvir. Daqui
a pouco sua namorada sai dali e você vai voltar a ser um cachorrinho. Então só escuta.
_ É cara. – Disse o Mário. – Você
mudou totalmente. Que aconteceu com o Leo de sempre? Essa menina te
transformou.
_ Não tem nada a ver... –
Arrisquei falar algo, mas não foi suficiente.
_ Nada ver? – Agora era o Hugo. –
Leo, legal você parar de fumar, mas não beber nem uma dose de uísque? Aí já é
demais! Certeza que você tá louco pra beber, e é ela que não tá deixando.
Fiquei em silêncio.
_ Vamos voltar, moçada. Logo a
namoradinha dele sai do banheiro.
E depois dessa fala do André,
todos se afastaram. Fiquei ali, arrasado. A Isabela saiu do banheiro.
_ Que foi?
_ Nada. Vamos voltar pra mesa?
_ Vamos. Mas não vamos demorar
muito né?
_ Não. Pode ter certeza...
E voltamos à mesa, sabendo
exatamente o que deveria fazer: nos sentamos, peguei um copo e pedi para
colocarem uísque. A Isabela me puxava o braço:
_ O que você pensa que tá
fazendo?
Percebia os moleques dando
pequenas risadas. Brindei com eles e dei um longo e delicioso gole, de modo que
ela me puxou mais forte:
_ Eu quero ir embora. Agora!
_ Tá bom. Só vou tomar mais uma
dose.
E enchi novamente o copo. Ela se
levantou na hora e foi saindo. Me levantei, virei meu copo, e me dirigi aos
meus amigos:
_ Daqui no máximo uma hora eu
volto.
Abriram um largo sorriso e
brindaram entre eles.
Alcancei a Isabela na calçada,
furiosa. A bebida realmente subiu, ainda mais que fazia tempo que eu não bebia.
Ela gritava e agitava os braços,
nervosa. Eu procurava me manter calmo. Quando ela se cansou de gritar e exigiu
uma resposta, lhe dei a resposta:
_ Eu quero terminar.
E assim iniciou uma longa
conversa por altas horas da noite. Ao final, estava solteiro novamente, mas já
sem pique de voltar para a festa. No dia seguinte começaria minha nova missão:
Reatar a amizade com a turma. Pra valer.
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