(Não leu desde o inicio? Então aproveite em http://blagoiaba.blogspot.com.br/2013/09/aos-meus-amigos-introducao.html )
Não foi difícil voltar à turma,
apesar de demorar pra me atualizar sobre tudo o que tinham feito e aprontado.
Soube que o Ivan estava colando no André nos fins de semana, mas a mãe dele
ainda não o deixava sair à noite. Descobri que tanto o Hugo como o Mário tinham
perdido a virgindade também, coisa que não haviam me contato pela minha
distância, e que tinha sido numa das noitadas com as “amigas” do André e do
Jonatan. O Cleber pelo jeito nada. Me contaram que o Manezinho tinha largado da
namorada, mas que estava andando com uma turma um pouco mal encarada,
encontrando-o vez ou outra. O Hugo desconfiava que ele estava usando algum tipo
de droga. Fiquei preocupado.
Nossas bebedeiras cada vez
estavam mais sem limites. Agora, além dos fins de semana, nos encontrávamos a
partir das quartas-feiras no bar do Pescocinho. Claro que isso gerava
reclamações da minha mãe, mas, afinal, ela sabia que aquela era a fase de
aproveitar e não me proibia de nada.
_ É, galera. Acho que tá na hora
de ir. – Disse o Mário por volta das dez da noite.
_ Mas já? – Reclamou o Cleber. –
Vamos mais uma partida.
_ Acho que também vou. Tô caindo
de sono. – Falou o Hugo.
_ Então vamos todos. – Sugeriu o
André, que tinha começado a trabalhar de estagiário num banco e estava se
acostumando à correria. – Amanhã a gente joga mais.
O Jonatan também concordou, já
que estava cada vez mais ajudando o pai dele no sítio. E assim nos despedimos
em frente ao bar.
_ Leo! – Disse o Cleber. – Só
fuma mais um cigarro comigo então.
_ Ok. – Respondi, de modo que
tinha voltado a fumar depois do fim do namoro.
Fumávamos enquanto caminhávamos
por uma das ruas principais, onde continham alguns bares e restaurantes mais
caros para beber. Apenas conversávamos distraidamente.
_ Cleber? Leonardo? – Ouvimos.
Ao olhar, vimos que era o Beto,
um rapaz mais velho da nossa sala por ter repetido dois anos.
_ Onde vão? – Perguntou ele.
_ Estamos vazando já. – Respondeu
o Cleber.
_ Chega aí. Vamos tomar uma.
Não sei bem porque aceitamos, mas
nos sentamos com ele e dois caras mais velhos que conhecíamos só de vista.
Cerveja vai, cerveja vem. Cigarros aos montes sendo acessos. O papo cheio de
besteiras, até que o Carlão, um dos caras propõe:
_ E se formos na zona?
Silêncio na mesa. Olhei para o
Cleber e ele pra mim.
_ Vai ser massa! – Disse o Beto.
– Que acham?
_ Nem temos carro. – Respondi.
_ Vocês vão com a gente. Estamos
em dois carros. – Disse o Oswaldo, outro dos amigos do Beto.
Nos olhamos novamente e abrimos
um largo sorriso. Aquilo seria massa.
_ Só vamos tomar mais algumas que
lá é caro, não dá pra beber. – Disse o Beto.
E, já um tanto embriagados,
ficamos mais ainda.
_ Podem subir.
Disse o Oswaldo, apontando pra
carroceria de uma pick-Up. E assim fizemos. O Cleber já estava muito louco. O
Beto e o Carlão foram em outra pick-Up.
_ Cara, vai ser massa! – Falava o
Cleber.
Pegamos um trecho de pista para
chegar ao puteiro. O vento frio nos fazia encolher.
_ Filho da puta. Podia ter
deixado a gente se apertar lá dentro. – Reclamei com o Cleber, que nada disse.
Chegamos. Uma espécie de sítio
com uma casa grande porem velha. Tinha uma mesa de bilhar e um aparelho de som por
ficha do lado de fora, mas poucas pessoas ali. Como éramos estranhos no ninho,
fomos seguindo os outros três, que se dirigiram direto para dentro. Puxei o
Beto:
_ Cara! Nunca viemos aqui. O que
rola?
_ Leo, a não ser que queira
gastar uma grana pra comer alguém, a graça é xavecar a mulherada fingindo que
vai comer alguém. Assim elas se esfregam em você e passam a mão no seu pau por
cima da calça. É besta, mas é massa.
Bem, vamos tentar.
Nos espalhamos pelo
estabelecimento, de modo que os vários cômodos se tornavam salas onde as
mulheres flertavam com os possíveis clientes. De tempo em tempo víamos um casal
se dirigindo para algum quarto depois de longas conversas sobre preço e o que
estava incluído nele. Percebi que o Carlão já estava alisando uma garota e o
Oswaldo aos papos com outra. O Beto e o Cleber eu não sabia onde estavam.
_ Não vai tomar nada. Gatinho? –
ouvi alguém dizer.
Era uma das mulheres. Estava com
uma roupa bem justa que valorizava certas curvas, mas já se percebia que a
idade a abandonava rapidamente.
_ Não, valeu. – E fiquei quieto,
procurando o Cleber.
_ Você é bem novinho, né? Tem
dezoito já?
Aquilo me gelou, pois era proibida
a entrada de menores. Fiquei com medo de ser expulso.
_ Já sim. Só vim com um amigo.
Com licença. – E saí.
Me dirigi ao salão de entrada,
que era o maior, e comecei a procurar o Cleber, até que o vi: encostado numa
das paredes, estava aos beijos com uma mulher. Detalhe: tal mulher já era uma
senhora, com a idade bem passada. Não acreditava no que via. Comecei a procurar
o Beto, e o vi dando altas risadas com os amigos. Fui até eles.
_ Beto, temos que tirar ele de
lá.
_ Calma Leo. Observa só. Você vai
morrer de rir.
E fiquei um tempo olhando: Eles
se beijavam e, de tempo em tempo, a mulher se virava para dançar, de modo que
ficava de costas para o Cleber, esfregando a bunda no pau dele. Ele ficava abraçado
a ela, que era bem gorda, e subia as mãos para tentar pegar nos peitos, mas ela
não deixava e traziam suas mãos de volta ao seu quadril. A cena se repetia, e
dávamos muitas risadas. Ele realmente estava fora de si.
_ O Carlão falou que essa é a
Neuza. – Disse o Beto. – Ela é caixa do bar, mas pelo jeito arrumou alguém pra
se divertir.
_ Acho que já chega, né? – Falei.
– Vou tirar ele de lá para irmos embora. Afinal, temos aula amanhã cedo.
E assim o fiz.
Acordei com uma baita ressaca.
Apesar de não proibir que eu saísse de meio de semana, uma coisa que minha mãe
não aceitava de forma alguma era perder aula por causa disso. Me arrumei, mal
tomei café da manhã e fui para a escola de bicicleta, chegando a poucos minutos
do sinal. O Cleber não estava lá, mas o Beto sim. Cheguei e o Mário e o Hugo
vieram até mim:
_ É verdade a história do Beto? –
Perguntou o Mário.
Concordei com a cabeça.
_ Cara, o Cleber tá fodido! Vai
ser zoado a vida inteira. – Acrescentou o Hugo.
_ O Cleber acabou de guardar a
bicicleta! – Avisou o Beto. – Temos que zoar...
O professor de geometria entrou
logo em seguida. Contamos rapidamente a ele a história e dissemos que queríamos
zoar, e ele, muito gente boa, nos ajudou.
Assim que o Cleber entrou
estranhou o silencio da turma olhando para ele. Ficou sem dizer nada até que
uma das meninas lhe disse:
_ Olha pra lousa, Cleber.
E ao fazê-lo, se deparou com um
lindo coração geometricamente desenhado com os seguintes dizeres dentro dele:
Cleber, 16 anos, e Neuza, 6?, se amam.
Foi só risada.
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