(Não leu desde o inicio? Então aproveite em http://blagoiaba.blogspot.com.br/2013/09/aos-meus-amigos-introducao.html )
Mais um ano
novo se passou. Como no ano anterior, nos divertimos muito, voltando só ao
amanhecer. Dessa vez sim vi o nascer do sol, e nem nos preocupamos em ir atrás
de mulherada, apenas beber e encontrar amigos e conhecidos. Meu irmão ficou um
tempo conosco, mas sempre saia pra zoar com sua turma. Em certa altura avistei
o Manezinho, com um pessoal nada amigável. Decidi falar com ele.
_ E aí,
Manezinho? Quanto tempo?
_ Oh! Leo?
Ele parecia
chapado, e não era de bebida.
_ Cara, como
você tá? O pessoal disse que largou da namorada.
_ É. Tô de boa.
Só curtindo.
_ Tá bem mesmo?
Não parece muito não.
_ Leo, tô de
boa, ok?
_ Tá certo. Não
quer ir com a gente um pouco?
_ Não. Tô de
boa.
Nem me despedi
direito e fui saindo. Que droga. Tempo depois descobri que tinha engravidado
uma menina. Pelo que minha mãe falou o tio Mané estava bem mal com as histórias
todas, e o João trabalhava numa fazendo numa cidade bem distante, de modo que
nem podia ajudar. Era triste isso.
Logo as aulas
voltaram também. Meu último ano de colégio, e eu nem sabia o que queria fazer
da vida, mas logo depois da volta às aulas chegou novamente o carnaval.
_ Não vai
arrumar namorada de novo não, heim Leo? – Brincou o Hugo.
_ Tô fora. Nada
de namorada, só farra.
Como no ano
anterior arrumamos alguns tubos de lança-perfume, mas não muitos, pois o preço
estava bem mais alto. E, como já tínhamos aprendido, nada de levar para o
salão, então decidimos ir toda tarde ao sítio do pai do Jonatan para fazer
churrasco, beber e usar o lança, claro, e isso tudo facilitava com a carta de
motorista do Jonatan.
_ Mas não cabe
todo mundo. Como vamos fazer? – Perguntou o Neuza.
_ Se o Jonatan
deixar posso ir de mobilete. – Ofereceu o André.
_ Se você for
por estrada de terra pra não pegar pista pode ser. – Disse o Jonatan.
Então estava
tudo certo: nas tardes de carnaval faríamos churrascos nos sítio do Jonatan,
regados de cervejas e lança-perfume.
_ E o Ivan? Vai
também? – Perguntou o Mário.
_ Só no salão.
Para os churrascos não. – Respondeu o André.
Aquilo mostrava
como as coisas mudavam rapidamente. Demorou tanto para podermos ir sozinhos a
um carnaval e os pais do Ivan o deixaram numa boa. Só não poderia ficar até o
fim, de modo que seu pai o buscaria por volta das duas.
As noites foram
bem legais: muita gente, canja na frente do clube, padaria depois do término e
tudo mais. A Maria e a Rosana foram para o carnaval novamente, mas não rolou
nada entre a Maria e o Mário, apenas se divertiam como bons amigos. O Ivan
também se divertia muito, saindo completamente suado de tanto que pulava no
meio do salão, se revezando entre ficar com a gente ou com seus amigos que
também estreavam no carnaval. Assim como eu fiz no passado, de querer juntar a
turma da escola à turma dos primos, o Ivan também queria juntar sua turma à
nossa, e nos apresentou seus dois melhores amigos:
_ Tio André,
Leo e pessoal, esses são o Antônio e o Hélio, meus amigos da escola.
_ Opa!
_ E aí?
_ Beleza?
E de imediato
não demos muita bola, mas pareciam bons moleques.
Mas mais que as
noites, foram nas tardes de churrasco e lança-perfume que realmente nos
divertimos, de modo que meus pais nem reclamaram de não ficar com a Maria e a
Rosana, uma vez que elas dormiam quase que o dia todo.
_ Quem vai no
carro comigo? – Disse o Jonatan. - Alguém vai ter que ir com o André de
mobilete, caso contrário não terá espaço para as coisas no carro.
As coisas eram
as bebidas, carne e outras coisas que levávamos para passar a tarde toda.
_ Eu vou. –
Disse o Neuza.
E assim saímos,
indo todos juntos por estrada de terra para o caso de algo acontecer com a
mobilete, como furar o pneu ou qualquer outra coisa. O sítio não era muito longe.
_ E se já
mandarmos uma rodada aqui no carro mesmo? – Sugeriu o Hugo.
_ Nem fodendo.
– Reclamou o Jonatan. – Eu estou dirigindo e não vou poder usar.
_ Então vamos
só fingir que estamos cheirando o lança quando passarmos por eles. – Falei. –
Eles vão ficar putos.
_ Boa ideia. –
Respondeu o Mário.
O Jonatan então
começou a acelerar para passa-los, e enquanto isso nos preparávamos. Conforme
nos aproximávamos, o Jonatan já foi buzinando, e quando olharam enquanto
passávamos por eles fingimos estar loucos mostrando o tubo.
_ Não vale!!! –
Gritava o Neuza.
_ Pode encostar
o carro, Jonatan! Também queremos! – Exigiu o André.
E a ideia
pareceu boa para todos. Paramos o carro embaixo de uma árvore e demos uma
rodada cada um, acendendo cigarros e abrindo latas de cerveja enquanto o efeito
passava. Foi bem gostoso, e o restante do percurso até o sítio estávamos bem
alegres, colando nossas bundas no vidro do carro para provocar o Neuza e o
André toda vez que os passávamos.
_ Seus viados!
– Gritavam.
_ Vou comer essa
bundinha! Cuzões!
No sítio
arrumamos tudo para o churrasco, colocando as bebidas na geladeira da casa sede
e acendendo o fogo. Mais latas foram abertas e cigarros acesos. Carnes na
grelha e novas rodadas de lança.
_ Cara! Isso é
demais! – Berrava o Mário.
_ Bem que
poderíamos fazer algo depois de comer, né? – Disse o André.
_ Tipo o que? –
Perguntei.
_ Não tem
nenhuma bola aí, tem Jonatan? – Perguntou o Neuza.
_ Acho que não,
mas vou dar uma olhada.
Depois de um
tempo, o Jonatan volta com uma bola muito velha de capotão, toda remendada com
costuras manuais. Não daria nunca para jogarmos com aquilo.
_ Me dá aqui,
deixa eu ver. – Pediu o Hugo. – Pra ficar dando chutes não dá, mas e se
jogássemos futebol americano.
_ Tá ficando
louco? – Disse o Mário. – Você sabe como joga?
_ As regras
não, mas sei que tem que chegar a um determinado lugar com a bola na mão
enquanto o outro time tem que impedir segurando o adversário.
Nos olhamos com
certa alegria. Aquilo poderia ser bem divertido. E então dividimos os times:
André, Hugo e eu de um lado. Jonatan, Neuza e Mário do outro.
_ Vamos fazer
assim: - Disse o Hugo. - Passou daquela linha é gol de vocês e daquela outra é
gol nosso. A bola começa do meio e a saída a gente imita do que vê em filmes.
Se a bola cair no chão, para a jogada recomeçando do último lugar onde o
jogador estava, podendo repetir três vezes até passar para a vez para o outro
time. Se o outro time roubar a bola já pode correr para o lado do seu gol,
seguindo a mesma lógica. Que acham?
Todos concordaram.
Parecia mais ou menos como víamos em filmes mesmo.
Nos
posicionamos, cada time do seu lado. A bola sairia com o time adversário, de
modo que o Jonatan passaria a bola para o Mário por baixo das pernas para iniciar
o jogo. Ao fazer isso o Hugo foi para cima do Jonatan para tentar impedi-lo de
correr, eu fui para cima do Neuza e o André correu em direção ao Mário, que
jogou rapidamente a bola para o Jonatan, fazendo com que o André mudasse sua
direção para ir atrás da bola. Mal o Jonatan se esticou para pegar a bola o
Hugo pulou junto, e o André voou para as pernas do Jonatan, derrubando-o de
modo a trombar com tudo no Hugo, batendo a lateral do rosto no seu ombro.
_ Aiaiaiaiai! –
Gritava o Jonatan.
_ Que foi? Não
começa com frescura só porque perdeu a boa! – Já reclamou o André.
Quando o
Jonatan levantou, a parte do rosto próxima ao olho estava com um calombo
enorme.
_ Caramba!
Alguém pega gelo! – Gritou o Hugo, de modo que o Mário o fez de prontidão.
Pausa para o
gelo, cigarro e cerveja. Decidimos rever o tal jogo, aproveitando para uma
rodada de lança.
_ Porra, os
caras dos filmes usam proteção. Não vai dar certo isso. – Disse o Neuza.
_ Mas e se
tomarmos alguns cuidados extras. – Falei. – O Jonatan só se arrebentou porque o
André pulou nas pernas dele. E se combinarmos que só vale da cintura para cima,
não podendo segurar pela cabeça, claro.
Todos ficaram
pensativos, até que o próprio Jonatan disse:
_ Pode ser. O
jogo parece legal apesar de me machucar. Mas se for assim pode dar certo.
E combinamos de
tentar mais uma vez...
_ Cara! Foi bem
legal o dia, heim? – Dizia o Mário numa das pausas do salão do carnaval,
enquanto fumávamos e bebíamos.
_ Mas vocês
estão todo ralados e machucados! – Chamava a atenção a Rosana.
_ Isso é só
detalhe. O que importa é a diversão. – Defendi.
_ Vocês são
loucos. – Concordava com a Rosana a Maria
_ Amanhã tem
mais. – Anunciou o Neuza.
_ Posso ir com
vocês? – Se convidou o Ivan.
Silêncio. Se o
Ivan fosse poderia estragar o esquema do lança-perfume.
_ Melhor não,
Ivan. Vai que você se machuca. Sua mãe me mata. – Disse o André.
Percebemos que
ele ficou bem triste, se dirigindo aos seus amigos, mas teria muito para se
divertir conosco ainda.
_ Mais bebidas?
– Sugeri.
_ Com certeza.
– Concordou o Hugo.
E nos dirigimos
ao bar, não vendo a hora de mais uma tarde no sítio do Jonatan no dia seguinte.
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