segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Aos Meus Amigos - 30 (Parte II)

(Não leu desde o inicio? Então aproveite em http://blagoiaba.blogspot.com.br/2013/09/aos-meus-amigos-introducao.html )


Pouco depois de prestar o único vestibular que me inscrevi chegou nossa formatura de terceiro colegial. Nossa porque o Neuza, o Hugo e o Mário eram da mesma turma que eu desde muitos anos. Nem precisa dizer que a turma toda estaria lá. O André não teria festa de formatura, apenas uma sessão de colação de grau que nem participaria, e o Helinho e o Antônio eram mais novos do que nós.
Quanto ao vestibular era um tanto obvio que eu tinha ido mal, não tendo nem chance de passar para a próxima fase, o que de certa forma foi um alívio tanto para mim como para os meus pais, pois assim teria um tempo a mais para me decidir o que queria de fato, sendo combinado que faria cursinho na cidade onde meu irmão estudava, e isso me deixava muito empolgado.
_ Mas se percebermos que não está levando os estudos a sério volta de imediato, entendeu? – Já tinha me repetido milhões de vezes minha mãe.
 Tínhamos grandes planos para a formatura. O Neuza, o Hugo, o Mário e eu havíamos pedido para nossos pais uma garrafa de uísque pela formatura, o que acabaram aceitando, rendendo quatro garrafas para nos deliciarmos. Claro que nessa conta entrariam outras pessoas de nossas famílias também, mas ainda assim julgávamos que daria para ficar bem alegre.
_ Formatura não costuma acabar tão tarde. O que faremos depois? – Quis saber o André.
_ Nunca fui na zona. Seria massa. – Comentou o Mário.
_ Tá aí uma boa ideia. Vai ser legar ir para a zona chapado depois da formatura. – Apoiou o Jonatan.
_ Quem sabe o Cleber não reencontra a Neuza, hahahahaha! – Soltei.
_ Verdade! Hahahahaha!
_ Vão se foder!
O Helinho e o Antônio ficaram empolgados também. Não eram mais virgens mas nunca tinham ido à zona. Não que tínhamos esse costume, mas já tínhamos ido vez ou outra por zoeira ou, no máximo, um show de strip-tease.
_ Combinado então. Acabando a formatura vamos todos zonear. – Sentenciou o Hugo.
_ Mas vai caber no carro do pai do Jonatan? – Perguntou o Antônio.
_ Se não couber nós apertamos. Não é tão longe. – Disse o Jonatan.
Estava tudo acertado.
O dia chegou, e com ele os preparativos. Meu irmão já estava em casa e feliz da vida ao saber das garrafas de uísque, mas eu não havia falado nada da zona. Minha irmã, o Roberto e o Neto também já estavam lá. O Neto usava um terninho em miniatura, o que chamava a atenção de todos. Ele estava se tornando um moleque bem bacana. Todos prontos e saímos em direção ao salão de formatura.
_ A mesa da família do Leonardo Félix é naquela direção.
Apontou uma moça que ajudava a organizar a cerimônia. Percebi que era perto da mesa da família do Mário, mas distante das do Hugo e do Neuza. A turma estaria um pouco dividida, já que havíamos dividido nossas cotas de convites com os amigos e ficariam um pouco em cada mesa. O André e o Helinho ficariam na minha mesa, o Jonatan na do Mário e o Antônio na do Neuza.
_ Que droga! E agora? – Perguntei.
_ Esquenta não, Leo. Ficaremos nas mesas só na hora de comer. – Respondeu o Hugo.
E foi bem isso.
Copos foram enchidos, conversas foram iniciadas e a diversão corria solto. Foi um saco a parte do cerimonial, mas valeu a pena pela alegria que meus pais ficaram, tendo até direito a uma valsa que dancei com minha mãe. Enquanto isso, o Antônio, o André, o Helinho e o Jonatan nos provocavam estendendo seus copos em nossa direção, pra varear. O Helinho se vingava do que fizemos a ele em sua formatura.
Terminando toda essa parte, serviram o jantar. Enfiamos um pouco de comida na boca sentados à mesa para que nossos pais nos deixassem em paz e já nos juntamos à turma. Estavam todos um pouco alegres já, e as garrafas já passavam da metade.
_ Tem umas gostosinhas na sua sala, heim? – Comentou meu irmão.
_ Até tem, mas são todas frescas. – Respondi.
As músicas se tornaram mais dançantes, o que levou todo mundo para a pista. O Roberto já estava bem chapado, e dançava no centro da roda fazendo graça com o Neto. Meu pai não se arriscava muito a dançar, preferindo ficar sentado mesmo, tomando hora cerveja, hora bicando o uísque. Já estava um tanto vermelho pela mistura.
Por volta das duas da manhã uma boa parte da família já tinha ido embora, incluindo meu irmão, que tinha saído com o Borges. As luzes já estavam acesas e o som permanecia baixo. Duas das garrafas estavam mortas, matávamos mais uma e apenas dois dedos da última resistiam, mas não por muito tempo.
_ Acho que tá na hora. – Falou o Jonatan.
_ Certeza!
Jogamos o resto do uísque num copo com gelo e fomos em direção ao carro.
Estávamos em oito, e o carro era pequeno. Tínhamos que dar um jeito.
_ Alguém vai na frente comigo no banco do passageiro, quatro se apertam no banco de trás e um vai no porta malas. – Sugeriu o André.
Nos olhamos.
_ Vou com o André no banco da frente! – Me apressei.
_ Que bosta! – Falou o Hugo. – Vamos tirar a sorte para ver quem vai no porta malas.
_ Pode deixar que eu vou. – Se ofereceu o Antônio.
O Porta malas não era desses que fica aberto ligado ao banco de passageiros, sendo totalmente fechado. O Jonatan o abriu e o Antônio foi se enfiando lá. Cheirava a graxa.
_ Espero que não suje minha roupa. E vê se vai devagar, heim Jonatan?
_ Hahahaha! Pode deixar.
Nos apertamos todos da forma combinada e seguimos em direção à zona, tendo que cruzar uma parte da cidade e atravessar a pista, pegando um pequeno trecho de terra. Não era a mesma que o Neuza tinha ganhado o apelido, sendo uma considerada um pouco melhor.
_ Vamos por aquela rua. Tem mais lombadas nela. – Disse o André.
_ Certeza. – O Jonatan concordou.
A cada passada por lombada, ouvíamos do porta malas:
_ PORRA!!! VAI DEVAGAR NESSA MERDA!!!
E dávamos risadas.
Paramos em frente ao portão do estabelecimento. Um sujeito fazia a função de porteiro.
_ São maiores de idade?
_ Somos sim.
_ Tem algum documento?
O Jonatan mostrou o dele, e só o dele, único maior de idade. Foi o suficiente para nos deixar entrar. Paramos no estacionamento e começamos a sair. Percebíamos olhares crescendo conforme saiam sete pessoas de dentro de um carro compacto. Além dos olhares, um certo cochicho ao abrir o porta malas e sair mais um indivíduo.
_ Seus viados. Se ficar com os braços roxos vocês vão ver só!!! – Se revoltava o Antônio.
Nos dirigimos para dentro, onde uma luz vermelha pouco iluminava o local e garotas e uns pouco clientes nos olhavam. Como estávamos de terno e gravata, despertava mais as atenções. Uma mulher de idade já um pouco avançada se aproximou, e o André tomou as palavras.
_ O que vai ser para os senhores?
_ Queremos um strip completo com a mais gostosa.
A mulher chamou algumas das garotas e começamos a escolher, nos decidindo sobre uma delas. Era bem gata e gostosa.
_ Quanto é?
E ela nos falou o preço. O André nos puxou para um canto para conferirmos o dinheiro. Tiramos nossas carteiras do bolso e passamos a contar cada nota e moeda. Faltava uma quantia. O André tentou negociar.
Vendo o balançar de cabeça negativo feito pela mulher a cada frase do André, o Neuza tirou uma caneta do bolso e se aproximou dos dois. Também nos aproximamos, curiosos com o que ele faria.
_ Com licença? Sei que não temos todo o dinheiro, mas e se eu deixar essa caneta no lugar para completar? Eu a ganhei do meu pai pela minha formatura, e é um presente que certamente vou querer levar por toda a vida. Eu a deixo com a senhora e, amanhã à tarde, lhe trago a quantia que falta do dinheiro para pegar esta caneta de volta. O que me diz?
A mulher olhava para ele e para a caneta em sua mão. Realmente era uma caneta bonita, e ficamos confusos com a história.
_ Não precisa disso não, Cleber! – Disse para ele.
_ Pode ficar tranquilo, Leo. Não vou querer perder essa caneta por nada. Amanhã eu volto para pegá-la de volta.
A mulher pegou a caneta e deu uma longa olhada para ela. Suspirou e chamou a garota.
_ Pode se preparar. Esses senhores querem um strip-tease completo.
E nos conduziu para a salinha com um pequeno palco. Pouco tempo depois, uma música sensual teve início, junto com um fajuto jogo de luzes. A garota entrou, com a mesma roupa que estava mas portado um pequeno chicote de acessório. Dançava e rebolava ao som da música, fazendo caras de uma atriz amadora tentando ser sexy. Tudo muito artificial, mas àquela altura do campeonato estávamos delirando.
_ Tira a roupa logo!!! – Gritava o Hugo.
_ Rebola mais!!! – Berrava o Neuza.
_ Gostosa!!! – Se empolgava o Mário.
O Helinho e o Antônio estavam pirando também. A coisa estava esquentando.
A mulher desabotoou a apertada calça que estava e começou a baixa-la de pouco em pouco, até tirá-la totalmente com certo esforço. Já devia ter feito isso várias vezes, mas não impediu de se desequilibrar na hora de passar a calça pelos pés com o salto alto. Jogou a calça para o lado e se virou de costas para nós, mostrando sua bunda. Os ânimos caíram.
_ Que bunda murcha?!? – Comentou o Antônio numa altura que ela não ouviria.
_ Pois é. Que merda! – Concordou o Jonatan
_ De calça tava melhor. – Falei.
Ela continuou. Começou a desabotoar a blusa. Logo veríamos os peitos, que pareciam fartos.
_ Que merda! – Disse mais uma vez o Jonatan, dessa vez mais alto um pouco.
Eram umas merdinhas de peitos, e já um tanto caídos. O sutiã tinha enchimento.
O gritos de animação tinham cessado. Começamos a só curtir o momento e a furada na qual tínhamos nos metido. Passamos a nos divertir com as poses e expressões que ela forçava, mas já sem tesão nenhum.
_ É isso aí! Rebola mais!
E ela se chacoalhava exageradamente.
_ Faz cara de puta!
E ela abria a boca e simulava sexo oral com o próprio dedo.
_ Fica de quatro!
E ela obedecia, se sentindo toda.
Quinze minutos depois acabava a música. Ela recolheu suas roupas, ainda nua, e saiu do palco, enviando beijinhos em nossa direção.
_ Que bosta, heim? – Disse o Neuza.
_ Mas foi divertido. – Falei.
_ Isso foi. - Concordou o Mário.
Ao sairmos da salinha a mesma mulher com quem negociamos se aproximou:
_ E então? Ninguém vai querer conhece-la mais de perto?
_ Valeu, dona. Não tínhamos nem todo o dinheiro do strip imagina para o sexo. – Soltou o André.
Ela ficou um tempo pensativa.
_ Mas você vem buscar a caneta, não vem? – Perguntou ao Neuza.
_ Mas é claro, minha senhora. Essa caneta tem grande significado para mim.
E fomos saindo, com ela nos acompanhando com os olhos enquanto nos apertávamos no carro e o Antônio se enfiava no porta malas praguejando coisas para que o Jonatan desviasse de lombadas.
_ Neuza? – Perguntei logo que deixamos o portão para trás. – Loucura essa história da caneta. E se ela não te devolver mais ou pedir mais caro?
_ Leo, aquela caneta peguei do balcão do bar da formatura. Eu ia devolver, mas depois esqueci.
Um breve silêncio. Bem breve mesmo até todos caírem na risada.
Do porta malas só ouvíamos uns berros:
_ DO QUE VOCÊS ESTÃO RINDO? ME CONTA! QUERO SABER!!!
E terminamos a noite no trailer de lanches, tomando algumas cervejas e matando uns cigarros.

Foi bem divertido.

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