quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Aos Meus Amigos - 8

(Não leu do início? Então aproveite, em http://blagoiaba.blogspot.com.br/2013/09/aos-meus-amigos-introducao.html )

Mas não era só na casa da vó Cotinha que nos reuníamos aos fins de semana. Vez ou outra pedíamos para nossos pais deixarem a gente dormir na casa do André também, pois tinha uns lugares legais para brincarmos por ali, assim como uns amigos bacanas.
Algumas de nossas brincadeiras preferidas eram brincar de pega-pega na carroceria do caminhão de gado do pai dele, quando ele não estava fazendo viagens; esconde-esconde na rua quando anoitecia; brincar em construção, o que sempre acabava destruindo algo e saiamos correndo antes que alguém visse; jogar taco, ou bétia, como chamávamos; subir no telhado para vermos a cidade; e jogar bola na rua, usando o portão de uma oficina como gol. Nesta última, o barulhão que fazia a cada bolada no portão de ferro deixava os vizinhos loucos, e sempre tínhamos que parar de chutar a bola nele por reclamação, então montávamos golzinhos com tijolos na rua mesmo.
Numa dessas vezes em que jogávamos bola com os golzinhos aconteceu um acidente engraçado: estávamos divididos em dois times com quatro moleques em cada lado. Os quatro primos não estavam no mesmo time, tendo sido divididos na formação dos times pelo par ou impar. No meu time estavam o Manezinho, o Sabugo e o Jonatan. No outro, o André, o João, o Otávio e o Silvinho.
O jogo começou, de modo que o Manezinho e eu nos preocupávamos com o Silvinho, que era o mais velho e muito bom de bola. Pedi para o Jonatan, que era mais gordinho e não aguentava correr muito, que ficasse mais recuado junto comigo, enquanto o Sabugo, que era mais alto, e o Manezinho ficariam à frente.
A bola começou com a gente, e logo que o Sabugo tocou para o Manezinho o Silvinho já veio e a roubou. Jonatan e eu nos movimentamos para tentar evitar seu avanço, mas o Silvinho já deu um drible no Jonatan e foi em direção ao gol. Dei o bote, mas não adiantou: levei uma canetada entre as pernas e a bola foi rolando, devagarinho, para dentro do gol. Um a zero para eles.
Nova saída de bola para nós, e dessa vez ficamos mais espertos. O Sabugo tocou a bola para mim, atrás, e, quando o Silvinho veio, tabelei com o Jonatan e passei a bola para o Manezinho que, antes da chegada do André, já tocou alto para o Sabugo, lá na frente. O João tentou intervir, mas como o Sabugo era mais alto conseguiu dominar e passar por ele, marcando nosso gol. Tudo igual.
Na saída de bola deles decidimos marcar forte: o Jonatan ficaria bem recuado enquanto o Sabugo marcaria o Silvinho, Manezinho o André, e eu o João, ficando apenas o Otávio sem marcação, já que era o menos esperto de todos. Logo que a bola rolou o Sabugo foi para cima do Silvinho, que estava com a bola, e este passou por ele com dificuldades, o que permitiu ao Manezinho aproveitar a chance, sair da marcação do André, e tirar a bola dele. O problema é que o André foi atrás do Manezinho, e o Sabugo tentou pegar a bola de volta, havendo um choque entre os três que fez com que o Manezinho caísse no chão, de barriga para baixo entre a guia da calçada e a sarjeta. Na tentativa de ajudar, o Jonatan veio correndo com tudo, trombando no André e empurrando o Silvinho, só que, por acidente, pisou na bunda do Manezinho.
_ Aiiiiiiiii!!!!!! – Gritou o Manezinho, que, na hora, se levantou e saiu correndo para dentro da casa do André.
Todos nós paramos o jogo e ficamos olhando um para o outro, sem entender direito, até que o João, o André e eu corremos para dentro para ver o que tinha acontecido.
_ Que aconteceu, Manezinho? – Perguntou o André ao empurrar a porta do banheiro onde ele estava.
_ Caraio! Tá ardendo! Tá ardendo!
Quando a gente olha, tá o Manezinho com o pinto de fora perto da pia, jogando água na cabeça do pau.
_ Olha aqui! Tá ralado. E tá ardendo pra cacete.
Olhamos e vimos a cabeça do pau dele esfolada com o pisão do Jonatan. Não aguentamos e caímos na risada. E para irmos pra fora contar para os outros foi rapidinho.
Tempo depois aparece o Manezinho na rua, meio que com cara de choro mas um leve sorriso no rosto, sem graça.
_ Hahahahaha! Pinto ralado! – Gritou o Silvinho.
E todo mundo, até o Manezinho, caiu na risada...

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