quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Aos Meus Amigos - 13

(Ainda não leu desde o inicio? Então aproveite em http://blagoiaba.blogspot.com.br/2013/09/aos-meus-amigos-introducao.html )


Acabamos nos empolgando com a ideia das bombas e queríamos mais. Assim, em nossas reuniões, escolhíamos os novos alvos.
_ Tem um vizinho meu que também está enchendo o saco. – Disse o Cleber. – Nos dias de semana fica com o som alto até tarde da noite, e nos fins de semana, antes das sete da manhã, já tá com aquela porcaria ligada de novo. Meu pai foi reclamar e ele disse pra chamar a polícia, mas como um parente dele é da polícia, nunca da nada.
_ Então ele vai ser o próximo. – Disse o Sidnei. – Vamos bolar um plano.
_ Podemos aproveitar e dar um susto na diretora também. – Acrescentei. – Ela mora lá perto.
_ Seria legal. Ela anda muito chata ultimamente. – Disse o Hugo, empolgado.
_ É, mas quem colocaria a bomba na casa dela? Uma coisa é o vizinho do Cleber pegar um de nós, que ele nem conhece, fazendo algo perto da casa dele. Outra é a dona Jane pegar qualquer um de nós, sendo que nos conhece muito bem.
Vimos que o Tomás tinha razão nisso, então teríamos que pensar com cuidado. Como o vizinho do Cleber dormia tarde no meio da semana mas acordava cedo nos fins de semana, supomos que ele estivesse cansado no sábado a noite. Dessa forma aproveitaríamos que nossos pais nos deixavam sair aos sábados pra comer lanche e agiríamos nesse espaço de tempo, e mais uma vez usaríamos os conhecimentos do meu primo André.
_ É como uma bomba relógio, só que se usa um cigarro como pavio pra acender a bomba. – Disse ele. – A gente prende cinco bombas bem forte com elástico de dinheiro e enrola com papelão. No pavio de uma das bombas colocamos a base de um cigarro sem o filtro. Aí é só acender a outra ponta. Como o cigarro não apaga e demora pra queimar, quando ele chegar no pavio e acender a bomba vocês já estarão longe.
Era brilhante, existindo o risco apenas de acender o cigarro. Mas ainda assim existia o risco da diretora nos ver na área da sua casa, pois a ideia era colocar o artefato na janela do seu quarto, que ficava de frente pra rua e seu portão era baixo. Então o Sidnei sugeriu:
_ Podemos dividir os grupos. O Hugo, o Tomás e eu armamos a bomba na casa do vizinho do Cleber, já que ele não nos conhece, e o Leo, o Cleber e o André vão para a casa da dona Jane, só que quem se arrisca a colocar a bomba é o André, já que ela não o conhece.
_ Mas o que eu ganho com isso? – Quis saber o André, mas o Sidnei já estava preparado para aquilo.
_ Nós te daremos isso. – E mostrou para ele um saquinho contendo umas quinze fichas de fliperama.
O André era viciado em fliperama. Direto a tia Josefa parava em frente ao bar do Manoel, onde tinha uma máquina, e via o André lá, parando o carro e tirando-o com puxões de orelha. Mas o André sempre voltava, não tinha jeito.
_ Ok. Me convenceram. Sábado nos encontramos para a ação.
_ É isso aí. VTDI? – Gritou o Sidnei, e todos gritamos que sim, só o André que não, ficando sem entender do que se tratava. – A gente se encontra na sorveteria, de lá se espalha e, depois de tudo feito, voltamos a nos encontrar na sorveteria. Não esquece de preparar o artefato, André.
_ Pode deixar Sidnei. O Leo vai dormir em casa na sexta e a gente monta os dois brinquedinhos.

Na sexta estávamos lá, André, Silvinho e eu. Eu mais observava enquanto os dois conversavam e montavam o mecanismo. O Silvinho tinha começado a fumar, então ele que tinha arrumado o cigarro, e de tempo em tempo o André dava uma tragada no seu cigarro.
_ Quer também Leo? – Oferecia.
_ Não, Valeu. – E continuavam a montar o equipamento.

No sábado estava tudo pronto. Fomos à sorveteria e o André carregava uma mochila com as duas bombas. Combinamos os detalhes e dividimos os grupos. Segui com o Cleber e o André em direção à casa da dona Jane, e vimos que a luz da sala estava acesa.
_ E agora? – Perguntou o Cleber.
_ Já são dez e meia. Já era para eles terem dormido. – Respondi, baseado nas vezes que passamos ali em frente nos dias anteriores.
_ Pode deixar. Vão pra lá...
Nisso o André tirou a bomba da mochila e se aproximou do portão. O Cleber e eu começamos a nos afastar às pressas.
O André deu um pulo bem ágil sobre o portão, fazendo um pequeno grunhido, e se escondeu atrás de um arbusto, esperando alguma reação. Nada. Tudo ok. Se levantou e foi em direção à janela do quarto, sempre de olho no vidro da janela da sala, por onde percebíamos a luz acesa. Colocou o explosivo na janela e arrumou o cigarro no pavio. Tirou o isqueiro do bolso e, quando ia acender, a luz da sala se apagou. Estávamos longe, mas podíamos ver tudo. O André se agachou e se manteve em silêncio. Logo, percebemos pela claridade da janela que a luz do quarto havia sido acesa, mas o André se manteve fixo. Me aproximei mais e comecei a fazer sinal para o André sair de lá, mas ele fazia sinal negativo com a cabeça. Voltei para onde estava e fiquei observando, angustiado.
_ Isso vai dar merda! Isso vai dar merda! – Repetia o Cleber.
_ Cala a boca! O André sabe o que faz.
Alguns minutos depois a luz do quarto se apaga, mas o André não sai do lugar. Vez ou outra um carro passa pela rua, e ele só procura se esquivar da luz do farol, até que, passado quase dez minutos desde que a luz do quarto se apagou, vemos o isqueiro se acender e se aproximar do cigarro. O cigarro é aceso e o André começa a se afastar da janela, pula a grade com a mesma agilidade de antes, esconde atrás do muro por precaução, olha pra ver se a luz não se acendeu, e vem em nossa direção.
_ Vamo embora moçada! Não dou dois minutos para ouvirmos a explosão.
Começamos a nos afastar em silêncio em direção à sorveteria. O André parece estar tenso, e o Cleber e eu estávamos nitidamente nervosos, de modo que o Cleber não parava de olhar o relógio marcando os minutos. Pouco tempo depois, mesmo já estando esperando, damos uma pequena assustada com o barulho da explosão ao longe.
_ Hahahahahahaha... – Nos soltamos, agora eufóricos. – Deu certo, hahahahaha...
Chegando na sorveteria os outros três estão lá, nervosos.
_ Onde diabos estavam? Achamos que tinham sido pegos. – Disse o Sidnei.
_ Foi tudo perfeito, apesar de bem tenso. Mas o André arrasou. E vocês? – Perguntei.
_ Nós? Hahahaha. Problema nenhum. Até ficamos olhando de longe, e foi muito massa quando o vizinho do Cleber saiu só de cueca assustado na rua. E ainda um monte de outros vizinhos também saíram, até seus pais, Cleber.

_ Hahahahaha... – Todos demos risadas, até que nossa alegria foi interrompida quando vimos a viatura de polícia passar com tudo, indo em direção à casa da dona Jane...

Um comentário:

  1. Gente, algumas palavras estão levando a links, e não fui eu que fez isso e não seu como tirar, ok?

    ResponderExcluir