(Ainda não leu desde o inicio? Então aproveite em http://blagoiaba.blogspot.com.br/2013/09/aos-meus-amigos-introducao.html )
Acabamos nos empolgando com a
ideia das bombas e queríamos mais. Assim, em nossas reuniões, escolhíamos os
novos alvos.
_ Tem um vizinho meu que também
está enchendo o saco. – Disse o Cleber. – Nos dias de semana fica com o som alto
até tarde da noite, e nos fins de semana, antes das sete da manhã, já tá com
aquela porcaria ligada de novo. Meu pai foi reclamar e ele disse pra chamar a
polícia, mas como um parente dele é da polícia, nunca da nada.
_ Então ele vai ser o próximo. –
Disse o Sidnei. – Vamos bolar um plano.
_ Podemos aproveitar e dar um
susto na diretora também. – Acrescentei. – Ela mora lá perto.
_ Seria legal. Ela anda muito
chata ultimamente. – Disse o Hugo, empolgado.
_ É, mas quem colocaria a bomba
na casa dela? Uma coisa é o vizinho do Cleber pegar um de nós, que ele nem
conhece, fazendo algo perto da casa dele. Outra é a dona Jane pegar qualquer um
de nós, sendo que nos conhece muito bem.
Vimos que o Tomás tinha razão
nisso, então teríamos que pensar com cuidado. Como o vizinho do Cleber dormia
tarde no meio da semana mas acordava cedo nos fins de semana, supomos que ele
estivesse cansado no sábado a noite. Dessa forma aproveitaríamos que nossos
pais nos deixavam sair aos sábados pra comer lanche e agiríamos nesse espaço de
tempo, e mais uma vez usaríamos os conhecimentos do meu primo André.
_ É como uma bomba relógio, só
que se usa um cigarro como pavio pra acender a bomba. – Disse ele. – A gente
prende cinco bombas bem forte com elástico de dinheiro e enrola com papelão. No
pavio de uma das bombas colocamos a base de um cigarro sem o filtro. Aí é só
acender a outra ponta. Como o cigarro não apaga e demora pra queimar, quando
ele chegar no pavio e acender a bomba vocês já estarão longe.
Era brilhante, existindo o risco
apenas de acender o cigarro. Mas ainda assim existia o risco da diretora nos
ver na área da sua casa, pois a ideia era colocar o artefato na janela do seu
quarto, que ficava de frente pra rua e seu portão era baixo. Então o Sidnei
sugeriu:
_ Podemos dividir os grupos. O
Hugo, o Tomás e eu armamos a bomba na casa do vizinho do Cleber, já que ele não
nos conhece, e o Leo, o Cleber e o André vão para a casa da dona Jane, só que
quem se arrisca a colocar a bomba é o André, já que ela não o conhece.
_ Mas o que eu ganho com isso? –
Quis saber o André, mas o Sidnei já estava preparado para aquilo.
_ Nós te daremos isso. – E mostrou
para ele um saquinho contendo umas quinze fichas de fliperama.
O André era viciado em fliperama.
Direto a tia Josefa parava em frente ao bar do Manoel, onde tinha uma máquina,
e via o André lá, parando o carro e tirando-o com puxões de orelha. Mas o André
sempre voltava, não tinha jeito.
_ Ok. Me convenceram. Sábado nos
encontramos para a ação.
_ É isso aí. VTDI? – Gritou o
Sidnei, e todos gritamos que sim, só o André que não, ficando sem entender do
que se tratava. – A gente se encontra na sorveteria, de lá se espalha e, depois
de tudo feito, voltamos a nos encontrar na sorveteria. Não esquece de preparar
o artefato, André.
_ Pode deixar Sidnei. O Leo vai dormir
em casa na sexta e a gente monta os dois brinquedinhos.
Na sexta estávamos lá, André,
Silvinho e eu. Eu mais observava enquanto os dois conversavam e montavam o
mecanismo. O Silvinho tinha começado a fumar, então ele que tinha arrumado o
cigarro, e de tempo em tempo o André dava uma tragada no seu cigarro.
_ Quer também Leo? – Oferecia.
_ Não, Valeu. – E continuavam a montar
o equipamento.
No sábado estava tudo pronto.
Fomos à sorveteria e o André carregava uma mochila com as duas bombas.
Combinamos os detalhes e dividimos os grupos. Segui com o Cleber e o André em
direção à casa da dona Jane, e vimos que a luz da sala estava acesa.
_ E agora? – Perguntou o Cleber.
_ Já são dez e meia. Já era para
eles terem dormido. – Respondi, baseado nas vezes que passamos ali em frente
nos dias anteriores.
_ Pode deixar. Vão pra lá...
Nisso o André tirou a bomba da
mochila e se aproximou do portão. O Cleber e eu começamos a nos afastar às
pressas.
O André deu um pulo bem ágil sobre
o portão, fazendo um pequeno grunhido, e se escondeu atrás de um arbusto,
esperando alguma reação. Nada. Tudo ok. Se levantou e foi em direção à janela
do quarto, sempre de olho no vidro da janela da sala, por onde percebíamos a
luz acesa. Colocou o explosivo na janela e arrumou o cigarro no pavio. Tirou o isqueiro
do bolso e, quando ia acender, a luz da sala se apagou. Estávamos longe, mas podíamos
ver tudo. O André se agachou e se manteve em silêncio. Logo, percebemos pela
claridade da janela que a luz do quarto havia sido acesa, mas o André se
manteve fixo. Me aproximei mais e comecei a fazer sinal para o André sair de
lá, mas ele fazia sinal negativo com a cabeça. Voltei para onde estava e fiquei
observando, angustiado.
_ Isso vai dar merda! Isso vai
dar merda! – Repetia o Cleber.
_ Cala a boca! O André sabe o que
faz.
Alguns minutos depois a luz do
quarto se apaga, mas o André não sai do lugar. Vez ou outra um carro passa pela
rua, e ele só procura se esquivar da luz do farol, até que, passado quase dez
minutos desde que a luz do quarto se apagou, vemos o isqueiro se acender e se
aproximar do cigarro. O cigarro é aceso e o André começa a se afastar da
janela, pula a grade com a mesma agilidade de antes, esconde atrás do muro por precaução,
olha pra ver se a luz não se acendeu, e vem em nossa direção.
_ Vamo embora moçada! Não dou
dois minutos para ouvirmos a explosão.
Começamos a nos afastar em
silêncio em direção à sorveteria. O André parece estar tenso, e o Cleber e eu
estávamos nitidamente nervosos, de modo que o Cleber não parava de olhar o
relógio marcando os minutos. Pouco tempo depois, mesmo já estando esperando,
damos uma pequena assustada com o barulho da explosão ao longe.
_ Hahahahahahaha... – Nos soltamos,
agora eufóricos. – Deu certo, hahahahaha...
Chegando na sorveteria os outros
três estão lá, nervosos.
_ Onde diabos estavam? Achamos
que tinham sido pegos. – Disse o Sidnei.
_ Foi tudo perfeito, apesar de
bem tenso. Mas o André arrasou. E vocês? – Perguntei.
_ Nós? Hahahaha. Problema nenhum.
Até ficamos olhando de longe, e foi muito massa quando o vizinho do Cleber saiu
só de cueca assustado na rua. E ainda um monte de outros vizinhos também saíram,
até seus pais, Cleber.
_ Hahahahaha... – Todos demos
risadas, até que nossa alegria foi interrompida quando vimos a viatura de
polícia passar com tudo, indo em direção à casa da dona Jane...
(Continue a ler em http://blagoiaba.blogspot.com.br/2013/12/aos-meus-amigos-14.html )
Gente, algumas palavras estão levando a links, e não fui eu que fez isso e não seu como tirar, ok?
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