(Não leu desde o inicio? Então aproveite em http://blagoiaba.blogspot.com.br/2013/09/aos-meus-amigos-introducao.html )
Depois de todos os preparativos,
o casamento da Rosália chegou. Nitidamente estavam todos nervosos, mesmo meu
irmão e eu.
_ Vamos receber visitas de fora e
precisaremos da ajuda de vocês. – Dizia meu pai para mim e meu irmão.
A igreja escolhida não era a
Matriz, e sim uma pequena igreja de bairro escolhida pela mãe do Roberto.
Estava tudo muito simples, mas muito bonito. Em nossa casa ficariam o tio
Osório com sua mulher, tia Débora, e um neto, o Humberto, que era da idade do
meu irmão. Os dois não pareciam se dar muito bem, mas eu gostava bastante dele.
Uma coisa interessante foi o fato
do casamento reunir a família do meu pai também, que moravam em outra cidade. Eram
dois irmão: o tio Osmar, irmão mais novo, sendo meu pai o do meio, casado com a
tia Telma, e possuíam um casal mais novos que meu irmão e eu, sendo a Amélia e
o Alex; e a tia Ludmila, casada com o tio Álvaro, e tinham duas meninas mais
velhas que nós, a Rosana e a Maria. Meus avós paternos também foram, claro, o
vô Joaquim e a vó Ofélia.
_ Fala oi para seus avós e dê
atenção para seus primos. Faz tempo que você não os vê. – Pediu meu pai.
_ Ok pai. Vem comigo Humberto?
_ Claro. Assim você me apresenta
eles.
E fomos. Meu irmão nos
acompanhou.
_ Oi tia...
Mal deu tempo de falar e a tia
Telma já foi me apertando:
_ Leo! Como você cresceu!
Lourenço! Já tá um moção! Amélia e Alex! Venham falar oi para seus primos...
E assim foi, fazendo o social e
interagindo com meus primos. Meu irmão se enturmou mais com a Rosana e a Maria,
enquanto eu e o Humberto ficamos papeando com a Amélia e o Alex. Pouco depois
os outros primos foram chegando e as atenções foram se dividindo, mas o
Humberto ficou comigo o tempo todo. Nos juntamos ao Manezinho, ao André e ao
João, que fazia tempo que não o via.
_ E aí Leo? Quanto tempo. É o
Humberto com você?
_ É sim. Lembra dele? Como estão
as coisas?
_ Muito legal na escola agrícola.
Vocês podiam passar um fim de semana lá. Ficariam no alojamento e tudo mais.
A conversa nos empolgou, e
ficamos combinando de ir enquanto ele contava as aventuras de morar longe de
casa.
Pouco depois foi anunciado que o
casamento iria começar. Sentamos todos pertos e teve inicio a cerimônia,
naquela velha ordem de sempre: entram os padrinhos, se posicionando no altar; o
noivo, aguardando a noiva; o atraso da noiva, trazida pelo tio Mané no carro
bonito do tio Osório e, finalmente, a entrada da noiva.
_ Você tá chorando Leo? – Se espantou
o André.
_ Não enche! – Respondi, com os
olhos cheios de lágrimas.
A cerimônia foi muito bonita,
deixando bastante gente emocionada. Minha mãe não parava de chorar, e percebia
que meu pai só não chorava porque estava se segurando. Sentados juntos, meus
primos e eu aproveitávamos para localizar umas gatinhas entre os convidados na
igreja, e tinha algumas, conhecidas ou não.
_ Gostosa aquela ali de amarelo.
É parente do Roberto? – Perguntou o João.
_ Deve ser. Nunca a vi. –
Respondi. – Tem aquela perto da porta lateral também. Bem gata.
_ Aquela é a Michele? Neta da tia
Matilde? – Reparou o Manezinho.
_ É sim. Lembra que falei que tá
um espetáculo? Depois a gente vai falar com ela.
_ Ô Leo? Será que a gente
consegue umas bebidas escondidas na festa? – Era a preocupação do André.
Na festa ficamos todos juntos em
duas mesas: eu, André, Manezinho, João, Humberto, Michele, Milena, Cássia,
Amélia, Alex, Rosana, Maria e meu irmão. A festa era num salão comunitário que
pertencia à igreja, com decoração mínima e servindo churrasco e bebidas:
cerveja, refrigerante e água. Sob o olhar de vários membros da família enchíamos
nossos copos com refrigerante, mas matutando para conseguir alguma cerveja
escondida, sem encontrar soluções.
_ E se você fosse lá, Humberto?
Quase ninguém te conhece mesmo? – Sugeriu o André.
_ Desculpe moçada, mas eu não
bebo. E se meu vô me pega numa dessa ele não me leva mais pra lugar nenhum.
_ Droga!
_ O Alfredo não pegaria pra
gente, né? – Cheguei a sugerir.
_ Conhecendo o tio Alfredo, de
jeito nenhum. – Já avisou a Michele, que se empolgava com a ideia de beber com
a gente.
_ André! E seu irmão? – Indagou o
João, que já havia nos contado de cachaçadas memoráveis no alojamento em que
morava.
Todos nós olhamos para o Rodolfo:
mais velho, solteiro, bon vivant. Vivia indo para baladas em outras cidades e
sempre chegava chapado segundo o André. Decidimos arriscar.
O Rodolfo estava sentado com uns
amigos solteiros do Roberto, e todos bebiam empolgados, enchendo a mesa de
garrafas.
_ Faz tempo que não o vejo. –
Disse o João. – Então vou lá cumprimenta-lo só pra medir a febre.
_ Vai com ele Humberto. Mesmo que
você não beba, por ser mais velho talvez ajude. – Sugeri, e ele topou.
Os dois foram, enquanto observávamos
curiosos, e nos surpreendemos logo de cara: mal o Humberto e o João chegaram o
Rodolfo os cumprimentou, cheirou seus copos fazendo uma careta, jogou fora o conteúdo
e encheu de cerveja. O João dava umas olhadas pra gente, animado, enquanto o
Humberto olhava para o copo sem saber o que fazer. Os dois se sentaram com ele
um pouco e vimos o João cochichar algo. O Rodolfo deu risada, um pouco irônica,
e chamou o João para acompanha-lo. Nisso o Humberto voltou para nossa mesa.
_ Tó! Vê o que fazem com isso. –
Disse, entregando o copo. – Se meu vô me pega com isso tô ferrado.
_ E aí? O que aconteceu? Conta
pra gente! – Queríamos saber.
_ Não ouvi direito o que conversaram,
mas o Rodolfo deu uma risada, disse que somos tontos e chamou o João para a
cozinha.
Procuramos os dois e nada, até
que pouco depois vimos o João saindo da cozinha com uma garrafa de refrigerante
e vindo pra nossa mesa com um grande sorriso.
_ Olha o que eu trouxe!
_ Grande coisa! Refrigerante tão
servindo na mesa. – Retrucou o André.
_ Então bebe desse “refrigerante”
que você vai ver...
Me levantei e peguei a garrafa.
Virei meu copo de refrigerante e o enchi com o conteúdo da garrafa, percebendo
se tratar de cerveja. Ficamos todos felizes.
_ Seu irmão é foda André. –
Contou o João. – Ele me levou até a caixa térmica de bebidas na cozinha.
Cerveja e refrigerante estão na mesma caixa, e o gelo faz com que os rótulos se
soltem. Como as garrafas são iguais ele só trocou os rótulos. Pronto! Agora,
sempre que quisermos “refrigerante” é só buscarmos direto na cozinha.
Aquilo foi o êxtase para nós. Até
meu irmão deu umas bicadas na cerveja depois daquilo, juntamente com a Rosana e
a Maria, que às vezes davam pequenas goladas. O Humberto não quis se arriscar.
_ Se vocês contarem pra alguém
vão se ver com a gente, viu? – Era a ameaça da Michele para a Cássia e a
Milena.
Claro que também pedimos sigilo
para a Amélia e o Alex.
O restante da festa foi
maravilhoso. Procuramos nos controlar para não dar na cara que estávamos
bebendo, sempre revezando as garrafas com uma de refrigerante mesmo. Durante a
passagem dos noivos pelas mesas dos convidados rimos muito com a farra que o
Roberto fez com o vô Tonico e a vó Cotinha. Ele gostava muito dos dois, e o
Roberto sabia ser divertido.
(Continue a ler em http://blagoiaba.blogspot.com.br/2014/03/aos-meus-amigos-8-parte-ii.html )
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