sexta-feira, 14 de março de 2014

Aos Meus Amigos - 7 (Parte II)

(Não leu desde o inicio? Então aproveite em http://blagoiaba.blogspot.com.br/2013/09/aos-meus-amigos-introducao.html )


Depois de todos os preparativos, o casamento da Rosália chegou. Nitidamente estavam todos nervosos, mesmo meu irmão e eu.
_ Vamos receber visitas de fora e precisaremos da ajuda de vocês. – Dizia meu pai para mim e meu irmão.
A igreja escolhida não era a Matriz, e sim uma pequena igreja de bairro escolhida pela mãe do Roberto. Estava tudo muito simples, mas muito bonito. Em nossa casa ficariam o tio Osório com sua mulher, tia Débora, e um neto, o Humberto, que era da idade do meu irmão. Os dois não pareciam se dar muito bem, mas eu gostava bastante dele.
Uma coisa interessante foi o fato do casamento reunir a família do meu pai também, que moravam em outra cidade. Eram dois irmão: o tio Osmar, irmão mais novo, sendo meu pai o do meio, casado com a tia Telma, e possuíam um casal mais novos que meu irmão e eu, sendo a Amélia e o Alex; e a tia Ludmila, casada com o tio Álvaro, e tinham duas meninas mais velhas que nós, a Rosana e a Maria. Meus avós paternos também foram, claro, o vô Joaquim e a vó Ofélia.
_ Fala oi para seus avós e dê atenção para seus primos. Faz tempo que você não os vê. – Pediu meu pai.
_ Ok pai. Vem comigo Humberto?
_ Claro. Assim você me apresenta eles.
E fomos. Meu irmão nos acompanhou.
_ Oi tia...
Mal deu tempo de falar e a tia Telma já foi me apertando:
_ Leo! Como você cresceu! Lourenço! Já tá um moção! Amélia e Alex! Venham falar oi para seus primos...
E assim foi, fazendo o social e interagindo com meus primos. Meu irmão se enturmou mais com a Rosana e a Maria, enquanto eu e o Humberto ficamos papeando com a Amélia e o Alex. Pouco depois os outros primos foram chegando e as atenções foram se dividindo, mas o Humberto ficou comigo o tempo todo. Nos juntamos ao Manezinho, ao André e ao João, que fazia tempo que não o via.
_ E aí Leo? Quanto tempo. É o Humberto com você?
_ É sim. Lembra dele? Como estão as coisas?
_ Muito legal na escola agrícola. Vocês podiam passar um fim de semana lá. Ficariam no alojamento e tudo mais.
A conversa nos empolgou, e ficamos combinando de ir enquanto ele contava as aventuras de morar longe de casa.
Pouco depois foi anunciado que o casamento iria começar. Sentamos todos pertos e teve inicio a cerimônia, naquela velha ordem de sempre: entram os padrinhos, se posicionando no altar; o noivo, aguardando a noiva; o atraso da noiva, trazida pelo tio Mané no carro bonito do tio Osório e, finalmente, a entrada da noiva.
_ Você tá chorando Leo? – Se espantou o André.
_ Não enche! – Respondi, com os olhos cheios de lágrimas.

A cerimônia foi muito bonita, deixando bastante gente emocionada. Minha mãe não parava de chorar, e percebia que meu pai só não chorava porque estava se segurando. Sentados juntos, meus primos e eu aproveitávamos para localizar umas gatinhas entre os convidados na igreja, e tinha algumas, conhecidas ou não.
_ Gostosa aquela ali de amarelo. É parente do Roberto? – Perguntou o João.
_ Deve ser. Nunca a vi. – Respondi. – Tem aquela perto da porta lateral também. Bem gata.
_ Aquela é a Michele? Neta da tia Matilde? – Reparou o Manezinho.
_ É sim. Lembra que falei que tá um espetáculo? Depois a gente vai falar com ela.
_ Ô Leo? Será que a gente consegue umas bebidas escondidas na festa? – Era a preocupação do André.
Na festa ficamos todos juntos em duas mesas: eu, André, Manezinho, João, Humberto, Michele, Milena, Cássia, Amélia, Alex, Rosana, Maria e meu irmão. A festa era num salão comunitário que pertencia à igreja, com decoração mínima e servindo churrasco e bebidas: cerveja, refrigerante e água. Sob o olhar de vários membros da família enchíamos nossos copos com refrigerante, mas matutando para conseguir alguma cerveja escondida, sem encontrar soluções.
_ E se você fosse lá, Humberto? Quase ninguém te conhece mesmo? – Sugeriu o André.
_ Desculpe moçada, mas eu não bebo. E se meu vô me pega numa dessa ele não me leva mais pra lugar nenhum.
_ Droga!
_ O Alfredo não pegaria pra gente, né? – Cheguei a sugerir.
_ Conhecendo o tio Alfredo, de jeito nenhum. – Já avisou a Michele, que se empolgava com a ideia de beber com a gente.
_ André! E seu irmão? – Indagou o João, que já havia nos contado de cachaçadas memoráveis no alojamento em que morava.
Todos nós olhamos para o Rodolfo: mais velho, solteiro, bon vivant. Vivia indo para baladas em outras cidades e sempre chegava chapado segundo o André. Decidimos arriscar.
O Rodolfo estava sentado com uns amigos solteiros do Roberto, e todos bebiam empolgados, enchendo a mesa de garrafas.
_ Faz tempo que não o vejo. – Disse o João. – Então vou lá cumprimenta-lo só pra medir a febre.
_ Vai com ele Humberto. Mesmo que você não beba, por ser mais velho talvez ajude. – Sugeri, e ele topou.
Os dois foram, enquanto observávamos curiosos, e nos surpreendemos logo de cara: mal o Humberto e o João chegaram o Rodolfo os cumprimentou, cheirou seus copos fazendo uma careta, jogou fora o conteúdo e encheu de cerveja. O João dava umas olhadas pra gente, animado, enquanto o Humberto olhava para o copo sem saber o que fazer. Os dois se sentaram com ele um pouco e vimos o João cochichar algo. O Rodolfo deu risada, um pouco irônica, e chamou o João para acompanha-lo. Nisso o Humberto voltou para nossa mesa.
_ Tó! Vê o que fazem com isso. – Disse, entregando o copo. – Se meu vô me pega com isso tô ferrado.
_ E aí? O que aconteceu? Conta pra gente! – Queríamos saber.
_ Não ouvi direito o que conversaram, mas o Rodolfo deu uma risada, disse que somos tontos e chamou o João para a cozinha.
Procuramos os dois e nada, até que pouco depois vimos o João saindo da cozinha com uma garrafa de refrigerante e vindo pra nossa mesa com um grande sorriso.
_ Olha o que eu trouxe!
_ Grande coisa! Refrigerante tão servindo na mesa. – Retrucou o André.
_ Então bebe desse “refrigerante” que você vai ver...
Me levantei e peguei a garrafa. Virei meu copo de refrigerante e o enchi com o conteúdo da garrafa, percebendo se tratar de cerveja. Ficamos todos felizes.
_ Seu irmão é foda André. – Contou o João. – Ele me levou até a caixa térmica de bebidas na cozinha. Cerveja e refrigerante estão na mesma caixa, e o gelo faz com que os rótulos se soltem. Como as garrafas são iguais ele só trocou os rótulos. Pronto! Agora, sempre que quisermos “refrigerante” é só buscarmos direto na cozinha.
Aquilo foi o êxtase para nós. Até meu irmão deu umas bicadas na cerveja depois daquilo, juntamente com a Rosana e a Maria, que às vezes davam pequenas goladas. O Humberto não quis se arriscar.
_ Se vocês contarem pra alguém vão se ver com a gente, viu? – Era a ameaça da Michele para a Cássia e a Milena.
Claro que também pedimos sigilo para a Amélia e o Alex.

O restante da festa foi maravilhoso. Procuramos nos controlar para não dar na cara que estávamos bebendo, sempre revezando as garrafas com uma de refrigerante mesmo. Durante a passagem dos noivos pelas mesas dos convidados rimos muito com a farra que o Roberto fez com o vô Tonico e a vó Cotinha. Ele gostava muito dos dois, e o Roberto sabia ser divertido. 
No final nos despedimos de alguns primos que iriam embora para outra cidade e combinamos com os outros de fazer algo no domingo. Dessa forma a Michele, a Milena e a Cássia forma embora, o Humberto, o André, o João, o Manezinho, meu irmão e eu iriamos almoçar na vó Cotinha mas depois passaríamos na casa do vô Joaquim para ir tomar sorvete com a Amélia, o Alex, a Rosana e a Maria antes deles irem embora. Foi um fim de semana muito gostoso, e foi o comentário entre a gente por toda semana. Mas a alegria acabou logo, pois na quinta-feira a vó Cotinha foi internada. Sua diabete estava muito alta.

(Continue a ler em http://blagoiaba.blogspot.com.br/2014/03/aos-meus-amigos-8-parte-ii.html )

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