quinta-feira, 6 de março de 2014

Aos Meus Amigos - 6 (Parte II)

(Não começou a ler do inicio? Então aproveite em http://blagoiaba.blogspot.com.br/2013/09/aos-meus-amigos-introducao.html )

O fim de semana tinha sido muito bacana. Além da cachoeira o Hugo também foi na boate com a gente e se enturmou mais ainda, contando empolgado para a turma da escola, o que os animou para uma próxima vez. Isso era tudo o que eu queria: juntar as duas turmas. Não disse nada para os meus pais da descoberta do Vini, mas de certa forma eles sabiam, pois não me viram mais com ele ou falar dele, e acho que isso já era o suficiente para não tocarem mais no assunto. Depois do episódio passamos a ter uma chave cada, de modo a eliminar a tal chave no fundo.
Claro que eu ainda veria o Vini, e foi naquela mesma semana, enquanto andava pelo centro. O avistei do outro lado da rua e a primeira intenção que tive foi de ignorá-lo, mas resolvi olhar para ele, ver sua reação, e assim o fiz. Fiquei encarando-o, esperando. Ele me olhava, e depois olhava para o chão, sem saber o que fazer, até que fez um joia com o dedão, balançou a cabeça negativamente para si mesmo e saiu andando. Não havia mais dúvidas que tinha sido ele, e depois disso ele sumiu dos lugares que costumávamos ir, avistando-o apenas de vez em quando, em lugares isolados. E mais uma amizade chegava ao fim.

_ Vocês passam no meu primo comigo? – Perguntei à turma ao sairmos da escola. – É rapidinho.
_ Claro Leo. – Disse de imediato o Hugo.
_ Vocês vão combinar algo para o fim de semana? – Quis saber o Cleber.
_ É isso mesmo. – Respondi.
_ Opa! Vamos sim. Quem sabe da para eu ir. Vamos Mário?
_ Pode ser...
Pegamos nossas bicicletas e fomos, chegando quase que ao mesmo tempo que o André.
_ Qual o plano para o fim de semana André? – Foi perguntando o Hugo, já se mostrando bem amigo dele.
_ Durante o dia ainda não sabemos, mas pra noite estamos combinando um bilhar antes da boate.
_ Bilhar? – Se surpreendeu o Mário, que sempre jogava no clube e gostava bastante.
_ É. O Jonatan foi com o Silvinho jogar no bar do Pescocinho e disse que é bem massa lá. Que acham?
Para mim estava ótimo, e se o Mário ficava em dúvida em relação a sair com a gente acho que naquela hora o havíamos fisgado. O Hugo e o Cleber que estavam mais relutantes por não estarem acostumados a bares e coisas assim.
_ Tá dentro Hugo? – Perguntei.
_ Não sei...
_ Bem, vocês me falam depois. Até mais moçada. – Despediu-se e entrou o André.
Enquanto pedalávamos até onde nossos caminhos se dividiam fomos conversando.
_ Nunca fui a bares, Leo. Acho que não é legal. – Estava preocupado o Hugo.
_ Eu também não. – Disse o Cleber.
_ Que isso gente! Não tem nada de mais. Sempre vou com eles pra jogar fliperama ou comprar cigarro. E é pra jogar bilhar.
_ Cara! É isso que tá me animando. Nunca joguei com outras pessoas fora do clube. Acho que vou, Leo. – Disse o Mário.
_ Então gente! Vamos os quatro. Assim ninguém fica isolado se tiver chato.
E acabaram concordando, mas com certa dúvida ainda.

Chegou o fim de semana. Na sexta dormi na casa do André e saímos para dar umas voltas, encontrando os moleques da escola na praça. Como não tinha nada certo para o sábado a tarde cada um marcou algo diferente.
_ Vou jogar bola. – Disse o Cleber.
_ Acho que vou pro clube. – Falou o Mário.
_ Posso ir com vocês na sua casa André? – Pediu o Hugo.
Mas para a noite estava tudo combinado: bilhar no bar do Pescocinho.
No sábado depois do almoço na vó Cotinha o Manezinho e eu seguimos para a casa do André junto com ele. Encontramos o Hugo e ficamos lá de bobeira, subindo no telhado, jogando bola na rua e brincando em construção, até que a tarde nos despedimos para um banho e o preparo para a noite.
Era por volta das oito e quinze quando nos encontramos na praça: André, Manezinho e Jonatan chegaram juntos, e eu cheguei com o Mário, o Hugo e o Cleber. Apresentei aqueles que não se conheciam e seguimos para o bar.
O bar do Pescocinho era um verdadeiro boteco bem simples. Um balcão comprido com banquinhos, poucas mesas de quatro lugares, três fliperamas à frente do balcão e três mesas de bilhar ao fundo. O Pescocinho era um sujeito engraçado: um senhorzinho de pouco mais de um metro e sessenta de altura, magro com uma barriguinha saliente, cabelos brancos e um pescoço diminuto que mal dava para ver. Pelo jeito o apelido vinha de longa data, pois todos o chamavam assim e ele não parecia se importar. O bar estava praticamente vazio a não ser por um grupo de moleques no fliperama, dois clientes aparentemente antigos no balcão e um eterno freguês, o Boina, como o chamavam, que era um sujeito de bigode e bem magro usando uma boina e sentado ao lado de um barrilzinho de pinga que o víamos utilizar para encher seu copo toda vez que o Pescocinho virava as costas. Dávamos muita risada com aquilo. O Pescocinho não estava nem aí por sermos menores de idade.
_ Seis fichas pra começar, Pescocinho. – Pediu o Jonatan.
_ E o que vão beber?
Nos olhamos, mas o Jonatan não nos deu a chance de chegarmos a uma decisão.
_ Cerveja.
Percebi que o Mário, o Cleber e o Hugo ficaram um pouco incomodados.
_ Cerveja Jonatan? Tá louco? – Disse o André. – Além de caro tem que beber mais pra dar um grau.
_ Relaxa André. Ajudei meu pai no sítio essa semana e ele me deu uma boa grana. Hoje eu pago.
O Pescocinho chegou com três garrafas e sete copos. Encheu os sete, apesar de um esboço de resistência por parte do Hugo, que não conseguiu concluí-lo.
_ Vamos brindar moçada! – Disse o Jonatan, erguendo seu copo.
Pegamos nossos copos, menos o Hugo, o Cleber e o Mário.
_ Vamos moçada! – Insistiu o Manezinho.
_ A gente não bebe. – Finalmente falou o Mário.
_ Larga mão! Só esse copo, vai? – Praticamente ordenou o Jonatan.
Com clara expressão de dúvida eles pegaram os copos.
_ É isso aí molecada. A nois!
E brindamos. Jonatan, André, Manezinho e eu viramos os copos. Os outros três deram um pequeno gole e fizeram uma careta.
_ Querem ver uma coisa que aprendi com um amigo do Silvinho? – Disse o Jonatan, enchendo novamente o copo.
Ficamos olhando ele arreganhar os lábios, encaixar a boca do copo inteira na sua boca e erguer a cabeça com tudo, fazendo com que a cerveja descesse como que num galão de água por sua garganta.
_ Que massa! Quero tentar. – Gritei.

E começamos a beber, jogar bilhar e nos divertir. Pouco depois os três tímidos já tinham se soltado e se divertiam também, dando altas risadas enquanto jogávamos bilhar e bebíamos. Eles ficaram bêbados rapidamente, mas não ao ponto de darem trabalho. Quase que como um devaneio, sem ter total consciência da realidade, saímos de lá e fomos para a boate, nos divertindo muito. E tudo foi tão massa que até o Hugo beijou uma menina. As amizades das turmas estavam seladas.

(Continue a ler em http://blagoiaba.blogspot.com.br/2014/03/aos-meus-amigos-7-parte-ii.html )

2 comentários:

  1. estava sem pc,e celular não dava para ler,ja estava com saudades,bjss estou adorando tudo isso Ma

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  2. Que legal Nair. Obrigado por acompanhar. Grande beijo

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