(Não começou a ler do inicio? Então aproveite em http://blagoiaba.blogspot.com.br/2013/09/aos-meus-amigos-introducao.html )
O fim de semana tinha sido muito
bacana. Além da cachoeira o Hugo também foi na boate com a gente e se enturmou
mais ainda, contando empolgado para a turma da escola, o que os animou para uma
próxima vez. Isso era tudo o que eu queria: juntar as duas turmas. Não disse
nada para os meus pais da descoberta do Vini, mas de certa forma eles sabiam,
pois não me viram mais com ele ou falar dele, e acho que isso já era o
suficiente para não tocarem mais no assunto. Depois do episódio passamos a ter uma
chave cada, de modo a eliminar a tal chave no fundo.
Claro que eu ainda veria o Vini, e
foi naquela mesma semana, enquanto andava pelo centro. O avistei do outro lado
da rua e a primeira intenção que tive foi de ignorá-lo, mas resolvi olhar para
ele, ver sua reação, e assim o fiz. Fiquei encarando-o, esperando. Ele me
olhava, e depois olhava para o chão, sem saber o que fazer, até que fez um joia
com o dedão, balançou a cabeça negativamente para si mesmo e saiu andando. Não havia
mais dúvidas que tinha sido ele, e depois disso ele sumiu dos lugares que
costumávamos ir, avistando-o apenas de vez em quando, em lugares isolados. E
mais uma amizade chegava ao fim.
_ Vocês passam no meu primo
comigo? – Perguntei à turma ao sairmos da escola. – É rapidinho.
_ Claro Leo. – Disse de imediato
o Hugo.
_ Vocês vão combinar algo para o
fim de semana? – Quis saber o Cleber.
_ É isso mesmo. – Respondi.
_ Opa! Vamos sim. Quem sabe da
para eu ir. Vamos Mário?
_ Pode ser...
Pegamos nossas bicicletas e
fomos, chegando quase que ao mesmo tempo que o André.
_ Qual o plano para o fim de
semana André? – Foi perguntando o Hugo, já se mostrando bem amigo dele.
_ Durante o dia ainda não
sabemos, mas pra noite estamos combinando um bilhar antes da boate.
_ Bilhar? – Se surpreendeu o
Mário, que sempre jogava no clube e gostava bastante.
_ É. O Jonatan foi com o Silvinho
jogar no bar do Pescocinho e disse que é bem massa lá. Que acham?
Para mim estava ótimo, e se o
Mário ficava em dúvida em relação a sair com a gente acho que naquela hora o havíamos
fisgado. O Hugo e o Cleber que estavam mais relutantes por não estarem
acostumados a bares e coisas assim.
_ Tá dentro Hugo? – Perguntei.
_ Não sei...
_ Bem, vocês me falam depois. Até
mais moçada. – Despediu-se e entrou o André.
Enquanto pedalávamos até onde
nossos caminhos se dividiam fomos conversando.
_ Nunca fui a bares, Leo. Acho
que não é legal. – Estava preocupado o Hugo.
_ Eu também não. – Disse o
Cleber.
_ Que isso gente! Não tem nada de
mais. Sempre vou com eles pra jogar fliperama ou comprar cigarro. E é pra jogar
bilhar.
_ Cara! É isso que tá me animando.
Nunca joguei com outras pessoas fora do clube. Acho que vou, Leo. – Disse o
Mário.
_ Então gente! Vamos os quatro.
Assim ninguém fica isolado se tiver chato.
E acabaram concordando, mas com
certa dúvida ainda.
Chegou o fim de semana. Na sexta
dormi na casa do André e saímos para dar umas voltas, encontrando os moleques
da escola na praça. Como não tinha nada certo para o sábado a tarde cada um
marcou algo diferente.
_ Vou jogar bola. – Disse o
Cleber.
_ Acho que vou pro clube. – Falou
o Mário.
_ Posso ir com vocês na sua casa
André? – Pediu o Hugo.
Mas para a noite estava tudo
combinado: bilhar no bar do Pescocinho.
No sábado depois do almoço na vó
Cotinha o Manezinho e eu seguimos para a casa do André junto com ele.
Encontramos o Hugo e ficamos lá de bobeira, subindo no telhado, jogando bola na
rua e brincando em construção, até que a tarde nos despedimos para um banho e o
preparo para a noite.
Era por volta das oito e quinze quando
nos encontramos na praça: André, Manezinho e Jonatan chegaram juntos, e eu
cheguei com o Mário, o Hugo e o Cleber. Apresentei aqueles que não se conheciam
e seguimos para o bar.
O bar do Pescocinho era um
verdadeiro boteco bem simples. Um balcão comprido com banquinhos, poucas mesas
de quatro lugares, três fliperamas à frente do balcão e três mesas de bilhar ao
fundo. O Pescocinho era um sujeito engraçado: um senhorzinho de pouco mais de
um metro e sessenta de altura, magro com uma barriguinha saliente, cabelos
brancos e um pescoço diminuto que mal dava para ver. Pelo jeito o apelido vinha
de longa data, pois todos o chamavam assim e ele não parecia se importar. O bar
estava praticamente vazio a não ser por um grupo de moleques no fliperama, dois
clientes aparentemente antigos no balcão e um eterno freguês, o Boina, como o
chamavam, que era um sujeito de bigode e bem magro usando uma boina e sentado
ao lado de um barrilzinho de pinga que o víamos utilizar para encher seu copo
toda vez que o Pescocinho virava as costas. Dávamos muita risada com aquilo. O
Pescocinho não estava nem aí por sermos menores de idade.
_ Seis fichas pra começar,
Pescocinho. – Pediu o Jonatan.
_ E o que vão beber?
Nos olhamos, mas o Jonatan não
nos deu a chance de chegarmos a uma decisão.
_ Cerveja.
Percebi que o Mário, o Cleber e o
Hugo ficaram um pouco incomodados.
_ Cerveja Jonatan? Tá louco? –
Disse o André. – Além de caro tem que beber mais pra dar um grau.
_ Relaxa André. Ajudei meu pai no
sítio essa semana e ele me deu uma boa grana. Hoje eu pago.
O Pescocinho chegou com três
garrafas e sete copos. Encheu os sete, apesar de um esboço de resistência por
parte do Hugo, que não conseguiu concluí-lo.
_ Vamos brindar moçada! – Disse o
Jonatan, erguendo seu copo.
Pegamos nossos copos, menos o
Hugo, o Cleber e o Mário.
_ Vamos moçada! – Insistiu o
Manezinho.
_ A gente não bebe. – Finalmente falou
o Mário.
_ Larga mão! Só esse copo, vai? –
Praticamente ordenou o Jonatan.
Com clara expressão de dúvida
eles pegaram os copos.
_ É isso aí molecada. A nois!
E brindamos. Jonatan, André,
Manezinho e eu viramos os copos. Os outros três deram um pequeno gole e fizeram
uma careta.
_ Querem ver uma coisa que
aprendi com um amigo do Silvinho? – Disse o Jonatan, enchendo novamente o copo.
Ficamos olhando ele arreganhar os
lábios, encaixar a boca do copo inteira na sua boca e erguer a cabeça com tudo,
fazendo com que a cerveja descesse como que num galão de água por sua garganta.
_ Que massa! Quero tentar. –
Gritei.
E começamos a beber, jogar bilhar
e nos divertir. Pouco depois os três tímidos já tinham se soltado e se
divertiam também, dando altas risadas enquanto jogávamos bilhar e bebíamos.
Eles ficaram bêbados rapidamente, mas não ao ponto de darem trabalho. Quase que
como um devaneio, sem ter total consciência da realidade, saímos de lá e fomos
para a boate, nos divertindo muito. E tudo foi tão massa que até o Hugo beijou
uma menina. As amizades das turmas estavam seladas.
(Continue a ler em http://blagoiaba.blogspot.com.br/2014/03/aos-meus-amigos-7-parte-ii.html )
estava sem pc,e celular não dava para ler,ja estava com saudades,bjss estou adorando tudo isso Ma
ResponderExcluirQue legal Nair. Obrigado por acompanhar. Grande beijo
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