terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Aos Meus Amigos - 5 (Parte II)

(Não leu desde o inicio? Então aproveite em http://blagoiaba.blogspot.com.br/2013/09/aos-meus-amigos-introducao.html )


Durante a semana meu castigo já havia acabado, mas o que me preocupava era a ideia de ter sido algum amigo meu que havia entrado em casa, já que sabiam onde ficava guardada a chave no fundo. Será que algum amigo do Lourenço também não sabia? E se outra pessoa qualquer, ao mexer no fundo, não encontrou a chave? O duro é que, quem quer que seja, a guardou exatamente no mesmo lugar, coisa que um ladrão qualquer não faria.
Na escola o Hugo contava a todos da farra do fim de semana, sempre salientando as graciosidades da minha prima Michele.
_ Apresenta pra gente também Leo! – Dizia o Cleber.
_ Se eu gostar dela a gente faz um esquema: eu arrumo minha irmã e você arruma sua prima. Que acha? – Falava o Mário.
_ Cai fora que ela já é minha, não é mesmo Leo? – Se protegia o Hugo.
Eu nem dava bola, ainda preocupado. Decidi passar no André na saída da aula.
_ Vocês passam no meu primo comigo? É rapidinho. – Pedi para a turma, e eles toparam.
Chegando lá o André não havia chegado da escola ainda, então aguardamos um pouco, o que não demorou.
_ E aí Leo. Acabou o castigo?
_ Acabou sim. Lembra do Hugo e do Cleber né? E esse é o Mário. E aí? Como foi o fim de semana?
_ Foi massa. Jogamos bétia a tarde inteira do sábado e a noite fomos na boate. O Jonatan ficou chapado e deu trabalho de novo, e o Silvinho teve que levar ele embora.
_ E o Vini? Não foi?
_ Não. Disse que tinha outras coisas pra fazer, mas não apareceu no domingo também.
_ Tá certo. Vamos marcar algo para o fim de semana então.
_ Acho que vamos pra cachoeira do seu João. Se seus colegas quiserem ir também sem problema.
Percebi que eles se animaram com o convite, já que sempre lhes contava como eram legais nossos passeios de bicicleta pelas cachoeiras.
_ Ok. Até mais então. – E fomos embora.

Ao longo da semana tentei passar na casa do Vini, mas nunca tinha ninguém. Eu precisava sentir a reação dele ao me ver, só para ter certeza, mas não acreditava que pudesse ser ele já que era um dos meus melhores amigos naqueles últimos tempos, mais até que o André e o Hugo.
Fim de semana. Sexta a noite sai para dar uma volta com os amigos da sala e aproveitamos para encontrar o André na praça e combinar os detalhes da cachoeira no sábado.
_ Vocês vão né? – Perguntei ao Hugo, Cleber e Mário.
_ Tô dentro. – Disse o Hugo.
_ Vou jogar bola amanhã à tarde. – Desculpou-se o Cleber.
_ Acho que não. Nem conheço seu primo, muito menos os amigos dele. – Falou o Mário.
_ Vocês quem sabem. Vai ser da hora.
Tempo depois encontramos o André, o Manezinho e o Jonatan, e eles estavam com copos de bebida na mão, o que meio que assustou o pessoal da escola.
_ Ganhou a alforria Leo? – Perguntou o Jonatan.
_ É. Tô livre de novo. O que tão bebendo?
_ Batidinha de abacaxi. – Disse o Manezinho. – Experimenta. É bem gostoso.
Dei um gole e realmente era uma delícia. Ofereci aos outros, mas eles não quiseram. Percebi que não concordavam com aquilo.
_ E como vai ser amanhã André? – Perguntei.
_ A gente sai logo depois do almoço. Como vamos almoçar na casa da vó saímos de lá e passamos no Jonatan. O Silvinho não vai. E vocês? Vão? – Perguntou para meus amigos.
Como vi que ficaram sem responder resolvi eu mesmo fazê-lo:
_ Só o Hugo. Ou outros dois não poderão. – E dei outro gole da batidinha de abacaxi. O Jonatan acendeu um cigarro. – E o Vini? Passei a semana inteira na casa dele e nada. Falaram com ele?
Silêncio. O Jonatan virou de costas, como que nervoso com alguma coisa.
_ Ele não vai. – Disse com ar estranho o André.
_ Tá certo. Vamos dar uma volta. Nos vemos amanhã então. – Me despedi, louco para dar uma tragada no cigarro do Jonatan, mas sabendo que seria repreendido.

O almoço foi o de sempre na casa dos meus avós, com a única diferença que procurei dar mais atenção a eles até a hora de sair, me surpreendendo cada vez mais com a velhice que os atingiam.
_ Vamos então? O Jonatan deve tá esperando. – Disse o André.
_ Vamos sim. Combinei com o Hugo de encontra-lo lá perto também.
Demos bença aos avós e saímos de bicicleta, o André, o Manezinho e eu. O caminho que fazíamos passava em frente à casa do Vini, mas por alguma razão o André quis desviar. Algo estava muito estranho, e até o final do dia eu teria que perguntar.
Duas quadras antes de chegar na casa do Jonatan avistei o Hugo, um pouco tímido por não conhecer a turma direito, mas empolgado por participar de uma de nossas aventuras. Chamamos o Jonatan que saiu logo em seguida, se aproximando para dizer algo em baixo tom:
_ Compraram o cigarro?
_ A gente compra naquele bar na saída da cidade. – Respondeu o André.
_ Então vamos.
Atravessamos a cidade até próximo à pista. Já sem o mesmo medo de antes peguei o dinheiro e fui comprar um maço. Chamei o Hugo para ir junto, mas ele se recusou. Pouco depois voltei, e o Jonatan já esperava com seu isqueiro na mão. Atravessamos a pista e entramos numa estradinha de terra, parando pouco mais à frente para acender uns cigarros. Dei uma tragada gostosa pelo tempo que fiquei sem fazer isso. O Hugo só me olhava, de cabeça baixa.
_ Hugo, desencana! Não é porque a gente fuma que você tem que fazer isso também. O Manezinho mesmo não fuma. – Disse, para quebrar um pouco o clima, e ele deu um leve sorriso.
Seguimos pela estradinha de terra, tendo mato de um lado e cana-de-açúcar do outro. Procurei ficar mais atrás com o Hugo, enquanto o André seguia como guia e o Jonatan e o Manezinho ao meio.
_ Vamos pegar essa outra estrada. Tive uma ideia. _ Disse o André.
Entramos pelo lado da mata numa estradinha que parecia há tempos abandonada, mas para as bicicletas não era problema. Chegamos a uma pequena ponte de madeira cruzando o riozinho que formava a cachoeira mais à frente. O André parou.
_ A ideia é pararmos com as bicicletas aqui e seguirmos a pé por dentro do rio. Acho que vai ser mais legal.
_ Mas e as bicicletas André? Deixamos onde? Mesmo prendendo com o cadeado é arriscado deixarmos aqui. – Indagou o Manezinho.
_ A gente pode prender uma na outra e afundar no rio. Como ele é estreito elas não vão sair do lugar. – Sugeriu o Jonatan.
Nos olhamos para ver se alguém iria contra a ideia, e como não aconteceu começamos o processo. Percebi que o Hugo estava ficando empolgado com aquilo tudo.
_ Não vamos fazer cagada dessa vez. Trouxe uma bolsinha impermeável. Assim o cigarro não vai molhar. – Falou o André enquanto mostrava orgulhoso a bolsa.
Bicicletas dentro d’água presas umas nas outras e vamos seguir por dentro do rio. De uma margem à outra não dava dez metros, hora estreitando hora alargando, possuindo uma leve correnteza. Com as roupas no corpo e tênis nos pés seguíamos em fila indiana, parando para mergulhar nos lugares mais fundos. Vez ou outra avistávamos alguma aranha ou lugares onde poderia haver cobras e desviávamos o caminho. Fazíamos como nos antigos Treinamentos de Guerra da infância, em que tudo se mostrava um obstáculo a ser enfrentado. Cerca de quarenta minutos depois chegávamos à cachoeira.
_ Iupiiii! – Gritou o Manezinho, já pulando no fosso de queda d’água onde sabíamos não ter pedras.
_ A corda que amarramos da última vez ainda está aqui. – Disse empolgado o André, se pendurando para depois se soltar e cair na água.
_ Vou colocar o cigarro embaixo daquela árvore. – Falou o Jonatan aconchegando o maço como se fosse um filhote.
_ Vamos Hugo! Prefere pular ou se pendurar?
Os olhos dele brilhavam ao ver aquele lugar escondido no meio do mato e que ele nem imaginava existir.
_ Como vocês descobriram esse lugar?
_ Andando por aí de bike. Tem muito lugar legal.
_ E pra beber água? Tô com sede já.
_ Hugo! Olha quanta água aí! É tudo limpo, e é água corrente. – E dei um gole gostoso enfiando quase que a cabeça inteira dentro da água.
Ele ficou um pouco receoso, juntou a palma das mãos e levou um pouco de água à boca, repetindo diversas vezes ao perceber que era boa a água.
Brincamos a tarde inteira, pulando do alto da pedra, se pendurando pela corda, entrando atrás da queda d’água, fazendo guerrinha de saibro e tudo mais. De tempo em tempo acendíamos cigarros, e o Hugo já não se incomodava como antes, estando bem mais enturmado com a galera.
_ É melhor irmos antes que escureça. – Disse o Manezinho.
Tiramos todo saibro do corpo, colocamos nossas roupas ainda encharcadas e começamos a fazer o caminho de volta. Tiramos as bicicletas da água, desprendemos as correntes e estávamos prontos para voltar.
_ Caramba! Que fome! – Disse o Hugo.
_ Vamos pegar umas frutas aqui e depois a gente pega cana na outra estrada. – Sugeriu o André.
Encontramos um pé de carambola e comemos algumas. Chegando na outra estrada quebramos umas canas e as descascamos com os dentes. O Hugo tinha certa dificuldade, mas logo pegou o jeito. Voltamos a pedalar em sentido à cidade.
_ Vamos fumar o último cigarro antes de cruzar a pista. – Disse o Jonatan.
O Hugo já era da turma, fazendo e recebendo brincadeiras de todos, o que me deixou bem feliz. Chegando à praça fomos nos despedir.
_ A gente se vê mais tarde pra boate? – Perguntou o André.
_ Certeza. – Confirmou o Jonatan.
_ Você vai também, né Hugo? – Convidou o Manezinho.
_ Vou ver com a minha mãe, mas acho que não vai ter problema não. – Respondeu.
_ André! – Chamei-o, à parte. – Me conta: o que aconteceu com o Vini? Você sabe de algo.
_ Nada não Leo. Deixa quieto. Mas ele é sujeira. Fica longe.
_ Me fala caramba! Entraram em casa e roubaram algumas coisas. E quem fez isso sabia onde ficava a chave do fundo. Acho que foi ele.
_ Filho da puta! Com você também?
_ Por quê? Quem mais ele sacaneou?
_ Com a irmã do Jonatan. Pegamos ele no pulo tirando folhas em branco de cheque da carteira dela.

“Desgraçado”, pensei. Nos despedimos e fomos embora. Agora tudo se explicava.

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segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Aos Meus Amigos - 4 (Parte II)

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_ Cara, eu vou ser tio! – Disse na escola para o Hugo, o Cleber e o Mário, que agora pertencia de fato à turma. O Sidnei e o Tomás haviam se isolado entre eles, o que fez com que o Hugo e o Cleber também se afastassem dos dois.
_ Então a Rosália tá grávida? – Disse o Hugo. – E como seus pais reagiram?
_ Minha mãe quase surtou. Ficou perguntando onde havia errado, por que eles não usaram camisinha e essas coisas. Meu pai que se mostrou mais calmo, querendo saber desde quando sabiam.
_ E vocês foram comemorar? É isso? – Não se conformava o Mário, que tinha duas irmãs.
_ Pois é. Meu pai sempre foi assim. É difícil tirar ele do sério.
_ Se fosse algumas das minhas irmãs acho que meus pais as teriam matado. – Completou o Mário.
_ E você ainda tá de castigo Léo? – Perguntou o Cleber.
_ Até o fim de semana sim.
_ Nem pra jogar bola à tarde?
_ Nem.
A escola cada vez mais nos servia como ponto de encontro e paquera e menos como local de aprendizado. As aulas pareciam eternas e totalmente entediantes, a não ser por um ou outro professor que eram mais legais. Eu particularmente me dava melhor na área de humanas, e detestava as contas e fórmulas.
Na saída da escola, ao pegarmos nossas bicicletas para irmos embora, minha sentença era uma só aquela semana: direto para casa. A turma geralmente passava na sorveteria ou ia tomar um suco, e normalmente eu ia com o Hugo até boa parte do caminho, pois morávamos perto. Mas não aquela semana.
_ Falou galera. A gente se vê amanhã. – Me despedi enquanto paravam na sorveteria.
Quase chegando em casa avistei o Vini, também de bicicleta.
_ E aí Leo. Fim de semana já tá livre?
_ E aí Vini. Já sim. Tão combinando alguma coisa?
_ Acho que vamos jogar bétia. Seu primo que tá agitando. Contamos com você?
Por um instante gelei. Não pelo que o Vini havia falado, e sim por ver minha mãe passar de carro próximo a nós. Certamente ela tinha me visto.
_ Léo? Tá tudo bem? O que aconteceu?
_ Nada não. Fala pro André que depois ligo para ele. Tenho que ir. Falou. – E saí o mais rápido que pude.
_ Léo? Léo? – Ouvia o Vini gritar, mas nem olhei para trás.
Chegando em casa vi que o carro estava lá, então entrei já esperando a bronca.
_ Oi mãe.
_ Oi Léo. Tem lição para hoje? – Perguntou com bastante calma.
_ Só umas contas de matemática e uma leitura.
_ Então faz já pra ficar livre. A propósito, fim de semana vamos para um rancho com a tia Matilde. Sairemos no sábado de manhã e voltamos no domingo.
_ Como assim? Eu não preciso ir né?
_ Claro que precisa. A tia Matilde vai reunir os filhos nesse rancho e chamou a gente pra participar. Faz tempo que você não vê seus primos, sem falar nos de segundo grau, então você vai sim.
_ Mas mãe! Já fiquei sem sair no fim de semana, agora esse também?
_ Ficou sem sair sim, mas porque você mereceu. E esse é um encontro de família, então não tem discussão.
_ O tio Mané e a tia Josefa vão também? – Perguntei, na esperança do André ou do Manezinho também irem.
_ Não. Ela chamou apenas a gente.
Não acreditava naquilo. Novamente perderia um fim de semana com a turma. Aquilo me deixou tão nervoso que estava prestes a enfrentar minha mãe, mas me lembrei do que o vô Tonico havia dito, que teria a vida toda para sair com os amigos, ainda mais sob o risco de um novo castigo. Me calei e perguntei:
_ Posso chamar um amigo para ir então?
_ Quem você vai chamar? Não é aquele Vini Não né?
_ O Hugo. Se os pais deles deixarem ele pode ir?
_ O Hugo pode.

Falei com o Hugo no dia seguinte, na escola, e a tarde ele me disse que os pais dele tinham deixado. Liguei para o André.
_ Vão mesmo jogar bétia no fim de semana?
_ O plano é esse. Vai poder ir?
_ Não. Vou ter que ir para um rancho com meus pais pra um encontro com os filhos da tia Matilde.
_ Sua mãe tá foda heim Léo?
_ Tá sim. Mas marquem algo pro outro fim de semana que vou com vocês.
_ Ok. Falou.
_ Falou.

Na sexta o Hugo dormiu em casa, pois sairíamos bem cedo. Minha mãe não tinha deixado nem a gente dar uma volta, então ficamos vendo televisão e jogando jogos de tabuleiro até dar sono, e bem de manhã fomos acordados por ela. O rancho era bem legal: um casarão central onde ficava uma grande sala com os quartos ao redor e um quiosque contendo a cozinha com churrasqueira. Além do rio represado que formava uma prainha o rancho também tinha piscina.
A tia Matilde foi com a gente, e aos poucos foram chegando seus filhos e netos. Tinha o Alfredo, que era o mais novo, casado com a Bete e tinham um filho ainda bem pequeno, o Vitinho. O Edivaldo, do meio e casado com a Mara, tendo dois filhos, o Juninho e a Cássia, que eram uns cinco anos mais novos que eu. E, por fim, o Lúcio, casado com a Joana e com duas filhas, a Michele, que tinha a minha idade, e a Milena, da mesma idade da Cássia. Fazia tendo que não as via, e tanto o Hugo como eu nos surpreendemos com a beleza da Michele.
_ Sua prima é uma gata heim?
_ Pois é. Nem eu sabia que tava tão gata assim.
Fomos todos nos cumprimentando e arrumando as coisas, separando os quartos e conversando sobre o que fazer de almoço e tudo mais. Logo já nos enturmamos com as primas e fomos para a piscina. Meu irmão ficou vendo televisão no rancho, como sempre.
_ Além de gata sua prima tá gostosa heim?
Apenas sorri e fui jogar água nela e na irmã, o que deu iniciou uma guerrinha e começamos a nos divertir.

O dia todo foi bem gostoso, brincando hora na piscina, hora na represa, hora ao redor do rancho onde possuía algumas matas e outros ranchos. Combinamos de fazer uma fogueira a noite e contar histórias de terror, e cada vez mais o Hugo se encantava com a Michele, que era bem moleque nas brincadeiras e muito legal. A Milena e a Cássia, apesar de mais novas, eram bem divertidas, e grudaram na gente. Então combinamos de dar um susto nelas durante as histórias.
_ ... e foi então que começaram a ouvir barulhos dentro da mata, sem saber o que era, já que tinham se certificado durante o dia que estavam sozinhos... – Narrava eu uma tonta história de terror.
_ Chiiiii... Fez a Michele. – Vocês ouviram esse barulho?
_ Eu ouvi. – Disse o Hugo. – Será que é bom vermos o que é?
Nisso a Milena e a Cássia já estavam com os olhos arregalados de medo.
_ Deixa que eu vou. – Respondi. – Cuidem das meninas. Se eu não der nenhum sinal em dois minutos vocês saberão que algo aconteceu comigo.
_ Não é melhor corrermos para dentro? – Se manifestou a Cássia.
_ Não. – Disse o Hugo. – É melhor vermos o que é pra não assustar o pessoal lá dentro. Vai lá Léo.
Me afastei quase rindo pela arte que havíamos armado. Me dirigi para as árvores próximas à represa e desapareci para a vista deles.
_ Ahhhh!!! – Gritei tempo depois, fingindo.
_ Que foi isso? – Ouvi a Michele perguntando, fingindo susto.
_ Acho melhor eu ir ver. – Disse o Hugo, em tom heroico e se levantando.
_ Não! Fica com a gente. – Choramingou a Cássia.
_ Calma meninas. Eu fico com vocês. Pode ir Hugo. Talvez o Léo precise de ajuda. – Disse a Michele.
O Hugo se afastou e pouco depois também gritou, fingindo dor e angústia. Nisso eu já estava próximo a casa, tendo dado a volta por trás das árvores.
_ Vamos pra dentro! Vamos pra dentro! – Gritavam as meninas.
_ Vamos. Eu levo vocês. – Dizia a Michele, fingindo pânico.
Quando se aproximaram do casarão central saí com tudo vestindo uma capa de chuva amarela que havia no quarto, dando um grito para assustá-las.
_ Ahhhhh!!! – Berravam as duas, virando-se rapidamente para fugir, dando de cara com o Hugo, também com uma capa e gritando.
As duas se agacharam e começaram a chorar. O Hugo, a Michele e eu caímos na risada, enquanto todos saíram do casarão assustados com os gritos.
_ O que tá acontecendo? – Perguntou assustado o Lúcio, vendo sua filha menor aos prantos.
_ Foi uma brincadeira. A gente assustou elas. – Disse a Michele, ainda rindo.
Tomamos uma bronca leve devido o desespero das crianças, mas depois que passou era só risada por parte de todos, até da Cássia e da Milena, que nos xingavam e diziam que se vingariam.
No domingo foi tudo ok. Mais festas, farras e diversão. Depois do almoço arrumamos as coisas, limpamos o rancho e nos despedimos, fazendo promessas de manter contato. O Hugo estava todo apaixonado pela Michele, mas ela não parecia sentir o mesmo por ele.
_ Se divertiu bastante né Leo? – Perguntou meu pai enquanto voltávamos.
_ Foi bem legal pai.
_ E pensar que você não queria vir heim? – Disse minha mãe. – E você Lou, por que não se juntou aos outros? Só ficou na frente da televisão.
_ Só tinha criança. – Respondeu ele.
_ Babaca. – Soltei.
Deixamos o Hugo na casa dele e fomos para a nossa. Começamos a tirar as coisas do carro enquanto minha mãe abria a casa. Quando meu pai fechou o porta-malas viu uma coisa no chão.
_ Bem, você deixou cair sua bolsa? – Perguntou para minha mãe.
_ Eu não. Por quê?
_ Estava aqui na sarjeta. Olha.
_ Mas eu não levei essa bolsa. Ela estava no quarto. – Pegou a bolsa e percebeu que ela estava completamente vazia.
_ Alguém entrou em casa. – Disse meu pai correndo para dentro, preocupado.
Entramos e começamos a vasculhar os cômodos.
_ Meu tênis novo sumiu. – Disse meu irmão.
_ O meu relógio também. – Falou meu pai.
_ Mas não tem nada aberto! Quem entrou sabia onde ficava a chave no fundo. – Concluiu minha mãe.
Fiquei quieto. Não tinha sumido nada meu e eu sabia de pessoas que conheciam o esconderijo da chave: Silvinho, Jonatan e Vini.

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