segunda-feira, 30 de junho de 2014

Aos Meus Amigos - 17 (Parte II)

(Não leu desde o inicio? Então aproveite em http://blagoiaba.blogspot.com.br/2013/09/aos-meus-amigos-introducao.html )

Pelo horário que chegamos minha mãe nos deixou dormir até mais tarde. Normalmente teria nos acordado para o almoço, mas não aquele dia. Acordei por volta das duas da tarde, e meu irmão umas três.
_ Que vamos comer? – Perguntou ele.
_ Falei com a mãe agora pouco e é para descermos no vô Joaquim. Deixaram algo pra gente.
Chegando lá, todos brincavam com a gente pela hora que acordamos, querendo saber como tinha sido. A Rosana já estava acordada, mas a Maria não.
_ É verdade que a Maria ficou com um amigo seu? – Quis saber a tia Ludmila, rindo.
Não sabia o que falar, apenas olhava assustado para a Rosana.
_ Pode falar, Leo. Já contei tudo. – Disse ela.
_ É verdade, hehehehe. – Respondi, sem graça.
Meu irmão e eu comemos o almoço esquentado, e a Maria não acordou. Quando era quase cinco da tarde, fui me despedindo:
_ Gente, até mais tarde. Vou passar na casa de um amigo.
_ Chama seu irmão e sua prima para irem também, Leo. – Insistiu meu pai.
_ Querem ir? – Perguntei, em pânico, pois isso estragaria nosso esquema.
_ Nem. – Disse meu irmão, seco.
_ Obrigada, Leo. Vou descansar mais um pouco. – Falou a Rosana.
Saí aliviado.

_ E então, alguém falou com o Mário? – Perguntou o Cleber.
_ Tentei ligar pra ele, mas o pai dele disse que estava dormindo. Nem insisti. – Respondeu o Hugo.
_ Ótimo. Vamos ao que interessa então. – Disse o Jonatan, pegando a chave da casa do tio dele.
A casa era grande e bonita. Tinha uma piscina com cascata, mas estava coberta com uma lona. Pelo jeito os tios dele eram bem ricos.
_ Pessoal, não podemos esquecer de deixar tudo como estava ao sairmos, heim! – Era a preocupação do Jonatan.
_ E essa piscina, não rola não? – Perguntou o Cleber.
_ Deixa a piscina pra lá. Quero saber do videogame. – Dizia o André.
Ficamos espantados com o videogame, pois só o conhecíamos por imagens em revistas. O primo do Jonatan não tinha muitos cartuchos, mas tinha os mais legais.
_ Vamos começar com jogo de luta ou de passar fase? – Quis saber o Hugo.
_ Acho que podemos começar com esse. – Disse o Jonatan, mostrando o tubo de lança-perfume.
Todos concordaram.

A tarde passou rapidinho, assim como o tubo acabou rapidinho. Ficamos muito loucos, e passar fase no videogame daquele jeito se mostrou uma excelente diversão. Dávamos muita risada com as mortes bestas de cada um no jogo.
_ Hora de ir, galera. – Falou o Jonatan. – Vamos colocar as coisas no lugar.
Por mais que tenhamos ficado loucos, não bagunçamos nada, o que tornou fácil arrumar tudo. Nos despedimos depois de marcar o horário de encontro e seguimos para nossas casas. Fui com o Hugo boa parte do caminho.
_ Foi massa, né?
_ E se foi.
_ E o Mário? Você liga pra ele ou eu ligo?
_ Deixa que eu ligo, Leo. Acho que ele tá com vergonha de você por ter ficado com a sua prima.
_ Ok. Até mais tarde.
_ Até.
E nos despedimos.

Todos na praça novamente. Hora de entrar. O Mário e a Maria estavam estranhos um com o outro, talvez sem saber se ficariam novamente ou não. Estávamos mais aliviados por não ter levado nenhum lança-perfume, o que permitiu nos divertir mais e com todos. Combinamos de chegar em garotas. O Mário estava grudado em nós, e a Maria na Rosana e no meu irmão.
_ E aí Mário? Vai chegar em alguém diferente ou vai tentar minha prima de novo? – Perguntei.
_ Caramba, Leo. Sua prima falou algo? Será que ela curtiu?
_ Não disse nada não. Mas e você? Curtiu?
_ Foi massa.
Compramos bebidas e entramos no circulo do salão central, pulando e dançando. Nos abraçávamos em duas grandes correntes enquanto girávamos, trocando os grupos de tempo em tempo.
_ Leo! – Chamou a Rosana no meio do salão. – A Maria quer ficar com seu amigo de novo, mas tá com vergonha.
_ Vamos facilitar então.
Abracei o Mário e a Rosana abraçou a Maria. Enquanto rodávamos no salão, fui puxando o Mário para próximo da Maria, e a Rosana fazia o mesmo, até que nos abraçamos todos. Dois giros depois a Rosana e eu saímos do grupo, o que permitiu juntar os dois. Ficaram sem graça, mas não se soltaram. Certeza que logo estariam se beijando novamente.
_ Vamos fumar um cigarro? – Chamou o André.
_ Vamos sim.
E fomos para a parte de fora o André, o Cleber, o Jonatan e eu. O Hugo ficou no salão.
_ E aí? Alguma gatinha? – Perguntou o Jonatan a todos.
_ Tô de olho numa mina de fora. Quem sabe. – Respondeu o André.
_ Até agora nada. – Disse o Cleber.
_ Nem eu.
A noite foi seguindo, com bebidas, cigarros e farra no salão do clube. Até a hora de ir para a padaria.

_Vamos pra fila de lanche? – Chamou a Maria, de mãos dadas com o Mário.
_ Compra pra gente, vai! – Pediu a Rosana.
E todos foram entregando dinheiro para os dois.
_ Vou com vocês. – Disse eu. – Vou comprar uma cerveja também.
Entramos na fila, que não estava nada pequena. Tempo depois, quase no caixa, vejo passar um grupo de garotas.
_ Caramba! Que fila grande? – Diz uma delas, e era uma gata.
_ Quer furar fila? Você entra na minha frente. – Arrisquei.
Ela me olhou e deu um delicioso sorriso.
_ Você tá falando sério?
_ Seria um prazer ter você à minha frente.
Senti um cutucão da Maria, que ria junto com o Mário. A garota ainda sorrindo, sem dizer nada, até que uma das amigas dela a puxou, sem nem perceber o flerte. Fiz um sinal de pena com os braços, e ela voltou a sorrir, ainda me olhando.
_ Caramba, Leo! Xavecou bonito, heim? – Disse o Mário, surpreso.
_ É primão. Não esperava essa. – Falou a Maria.
_ Nem eu. - Respondi, ainda encantado pela garota e surpreso pela minha atitude.
Será que a encontraria na noite seguinte? Cheguei a sonhar com isso...

segunda-feira, 23 de junho de 2014

Aos Meus Amigos - 16 (Parte II)

(Não leu desde o inicio? Então aproveite em http://blagoiaba.blogspot.com.br/2013/09/aos-meus-amigos-introducao.html )


_ O que aconteceu com você ontem? – Perguntava o Mário ao telefone.
_ Nada. Só curti a noite.
_ Alias, não foi só você, e sim todo mundo. Sempre sumiam e demoravam um monte pra voltar. Sorte que suas primas me fizeram companhia.
É, teríamos que tomar mais cuidado. A Maria também tinha falado um monte pra mim.
Durante o dia ficamos todos de boa, com dor de cabeça e descansando. Almoçamos na casa do vô Joaquim com a família do meu pai e fomos tomar sorvete depois. De resto, cama e TV, recuperando para a segunda noite.
Nos encontramos as nove na praça em frente ao clube, e era a vez do Cleber levar o tubo.
_ Vou colar em vocês o tempo todo. – Disse o Mário. – Vou descobrir o que estão aprontando.
_ Não é melhor contarmos pra ele? – Sugeri disfarçadamente ao André.
_ Não. O Mário é muito certinho. Ele não vai aceitar de boa.
Entramos, agora com a missão de despistar o Mário toda vez que quisermos o lança-perfume. Combinamos de sair de dois em dois ao invés de todos juntos, assim o restante ficaria com o Mário e minhas primas, o que facilitaria o disfarce. Meu irmão hora saia com os amigos, hora se juntava a nós, o que não apresentava grande problema.
O Jonatan e o André foram primeiro, tendo combinado usar o banheiro do andar de cima. Cerca de vinte minutos depois eles voltam, passam o tubo para o Cleber. Como estávamos em cinco, o Hugo iria com o Cleber, puxaria a dele e voltaria, enquanto o Cleber permaneceria no banheiro para que eu o encontrasse. Uns dez minutos depois o Hugo chega.
_ Vou dar uma mijada. – Anunciei em alto e bom som.
_ Volta logo, heim Leo! – Disse o Mário.
_ Qual cabine ele está? – Cochichei com o Hugo.
_ Na última.
E fui, todo empolgado. Seria a primeira da noite.
Entrei no banheiro, que estava com um fluxo grande, e fui me dirigindo à última cabine.
_ Cleber? Cleber? – Dava pequenas batidas na porta enquanto chamava, mas nada. – Porra Cleber, abre essa porta! – Nada.
Na cabine ao lado sai alguém, e antes que um próximo pudesse entrar, me enfiei nela, trancando a porta.
_ Cleber, tá me ouvindo? – Nada ainda.
Subi na privada para poder ver o lado dele, tentando disfarçar caso alguém visse, mas logo isso não me preocupava mais.
_ PORRA CLEBER! ACORDA!
A cena era bizarra: ajoelhado no chão nada lindo, segurava com uma mão o tubo, intacto, mas estava completamente apagado, com a cara apoiada na própria privada, cheia de mijo respingado. Percebi que o relógio no pulso do outro braço estava com o vidro quebrado.
_ Cleber! acorda caralho!
_ Ele começou a voltar a si, tirando o rosto da latrina e a limpando com a mão vazia.
_ Que aconteceu Cleber?
_ Ah! Leo? É a sua vez? Toma o tubo...
E começou a esticar o braço para me entregar o tubo por cima da divisória das cabines, mas antes que eu pudesse segurar ele o soltou, de modo que o tubo foi direto ao chão, espatifando.
_ QUE MERDA, CLEBER! – Gritei.
_ O que tá acontecendo aí? – Era a voz do tiozinho que ficava na entrada do banheiro pra ver se estava tudo em ordem.
_ Meu amigo bebeu muito e desmaiou, mas ele já está acordando. – Falei, em pânico.
Ele começou a bater na porta do Cleber, que foi se levantando, agora assustado. Eu apontava do alto a válvula e os restos de vidro do tubo, de modo que ele sacou, pegou a válvula e empurrou os vidros para trás da privada e abriu a porta.

_ Que cara é essa, Cleber? – Perguntou o Mário. – Está com a camisa e a calça molhadas e um vergão no rosto!
Conforme ele levou a mão ao rosto, todos viram seu relógio quebrado.
_ Que aconteceu?!? – Se espantou a Rosana.
_ Ele escorregou no banheiro, o burro. – Tentei disfarçar. – Foi risada pra todo lado.
O Jonatan já me puxou, percebendo que algo estava errado. O Mário e minhas primas pareciam convencidos e deram muita risada.
_ E o tubo? – Quis saber o Jonatan depois que lhe contei a cena.
_ Já era. – E expliquei como.
Ele não se conformava. Em instantes o André se aproxima, e o Jonatan o coloca a par da situação. Mais desespero. Ficamos com cara de bosta, de modo que procurávamos nos divertir, mas já sem o mesmo encanto da noite anterior.
_ Vamos pra padaria? – Chamou meu irmão ao termino da noite no clube.
_ Padaria? Fazer o que? – Perguntei.
_ Vai todo mundo pra lá. Por que você acha que na praça fica vazio?
Olhei para os outros, e todo mundo parecia concordar.
A padaria ficava no centro da cidade, de modo que era a poucas quadras dali. As pessoas desciam em bandos, e o fluxo era realmente grande.
_ Achava que a padaria só rolava em dia de boate normal. – Disse o Hugo.
_ Já tinham me falado que era legal no carnaval, mas ontem estava sem condições para me lembrar disso. – Comentou o André.
Seguíamos a multidão conversando, bebendo e fumando. O Mário estava mais grudado às minhas primas, e o Cleber estava mais quieto a noite toda, chateado com o ocorrido, mas não pode deixar de se expressar ao chegarmos à padaria:
_ Caramba! Tá lotado.
Realmente, a cena era bem legal: como faziam em frente ao clube, fecharam a rua com cavaletes de modo que o público a ocupava toda. Grandes rodas de pessoas em todos os cantos, em pé ou sentados no chão mesmo. Em alguns pontos víamos grupos inteiros dormindo. Alguns bêbados faziam farra e berravam coisas estúpidas, de modo que gerava diversas cenas engraçadas. Algumas garotas também bêbadas desfilavam seus corpos pela rua, e sempre alguém tentava xavecar, geralmente recebendo algum palavrão desbocado.
_ Que massa! E agora? – Perguntou o Mário.
_ O que rola aqui é o misto quente. Eles já fazem aos montes, aí compra as fichas e os pega no balcão. – Disse o Jonatan.
_ Vendem bebida também? – Quis saber.
_ Vamos ver. – Se empolgou o Cleber.
Compramos fichas de lanche e cerveja. Estavam mais caros que o normal, mas era o que tínhamos no momento. Sentamos em frente a uma loja e lá ficamos, bebendo e fumando depois de comer.
_ Apesar de tudo, essa noite foi massa. – Disse o Hugo.
Tivemos que concordar. Só o Cleber ficou quieto, ainda envergonhado.
_ E se usarmos os tubos à tarde ao invés de levar ao clube? – Sugeri.
Os quatro ficaram quietos, pensativos. O André foi o primeiro a se expressar:
_ Podemos sair de bicicleta por aí e ficar loucos tranquilos em alguma cachoeira.
_ Pode ser perigoso. – Disse o Hugo. – De repente a gente perde a noção e alguém se afoga.
Novamente silêncio.
_ Não podemos nos esquecer que o Mário vai querer fazer algo com a gente também. Aí complica. – Lembrou o Cleber.
Mais silêncio.
_ Meus tios estão viajando, e a chave da casa deles está em casa. – Falou o Jonatan.
Olhamos todos para ele.
_ E que graça tem usar o lança lá? – Quis saber o André.
_ O meu primo comprou o último videogame que saiu. Já pensou jogar louco?
Imediatamente começamos a imaginar, e aquilo foi empolgando.
_ Cara, vai ser muito louco! – Disse o Hugo.
_ Gostei da ideia. – Concordei.
_ Videogame? Mesmo louco quero ver ganharem de mim. – Falou o André.
_ Mas ainda assim teremos que despistar o Mário. – Lembrou mais uma vez o Cleber.
E quando olhamos para ele, estranhando o fato de não estar naquele momento conosco, vimos ele e minha prima Maria nos beijos. Aquilo nos surpreendeu um pouco.

terça-feira, 17 de junho de 2014

Aos Meus Amigos - 15 (Parte II)

(Não leu desde o inicio? Então aproveite em http://blagoiaba.blogspot.com.br/2013/09/aos-meus-amigos-introducao.html)


_ Leo! Leo! – Ouvi o Hugo me chamar.
Naquela altura do dia já tinha me encontrado com o Cleber, o André e o Jonatan, e já havíamos comprado um tubo de lança-perfume cada um.
_ Entra aí, Hugo. O portão tá aberto. – Gritei da janela. – Tô no meu quarto.
Ele entrou rapidamente. Estava muito curioso. Eu estava sozinho em casa.
_ E aí? Vai me contar logo o que é ou não... Puta que pariu, Leo!! – Desesperou ao me ver com o tubo na mão, me exibindo.
_ Hehehe, dá hora né?
_ É o que estou pensando?
_ Se está pensando em lança-perfume, é sim.
_ Leo, se te pegam com isso você tá enrascado.
_ Cara, é muito bom! Experimenta, você vai pirar.
_ Não sei não. Fico com medo dessas coisas.
_ Bem, vou dar uma puxada. Aí você vê como é...

_ Leo? Leo? – Dizia o Hugo, enquanto eu voltava a mim depois da segunda puxada. – Cara é muito massa! Deixa eu rachar com vocês?
Como eu imaginava, ele adorou. Decidimos guardar o tubo, já que a primeira noite era o André quem levaria. O Hugo falaria com a turma para poder entrar no racha geral. Certamente não haveria problemas. A noite seria massa...

_ Vai atender a campainha, Leo. – Pediu minha mãe, e assim foram chegando meus tios, primos e demais convidados para o churrasco.
O André não demorou a chegar, e logo foi me puxando para o canto:
_ Meu tubo vou pegar depois pra não dar bandeira aqui. Mas poderíamos curtir o seu um pouco, heim, Leo?
_ O duro é se nós dois ficarmos loucos com tanta gente em casa. Quem iria segurar as pontas?
E olhamos para o Ivan, que chegara na adolescência e não saia do nosso pé aquela noite.
_ Ivan, eu sou seu tio, e se te pedir pra fazer uma coisa sem contar pra ninguém você faz? – Arriscou o André.
_ Claro, tio. Mas vocês me levam pra sair com vocês algum dia desses?
_ Ivan, pelo jeito logo você tá na gandaia com a gente, hehehe. – Disse a ele.
E lá fomos o André e eu para o quarto numa rodada de lança enquanto o Ivan nos dava cobertura na porta. Esse moleque seria um grande companheiro ainda...

Tá aí o tubo, né André? – Queria saber o Jonatan na entrada do clube ao nos encontrarmos.
_ Tá sim. Dá o sinal pro seu primo.
E assim o Jonatan indicou ao primo quem estaria com o tubo, e entramos numa boa. O Hugo estava na parada.
_ Primeira rodada pra comemorar? – Sugeriu o Cleber, e entramos todos no banheiro.
Ocupamos os três boxes, nos espalhando, e conforme alguém dava uma puxada passava o tubo para o outro por cima da divisória antes de ficar muito louco. Foi muito louco...

_ Nossa! Tá lotado! – Disse o Hugo.
O salão estava cheio. Muita gente, muitos conhecidos, muitas gatas. Um punhado de pessoas de fora, mas nosso interesse era outro.
_ Vamos para o meio do salão. – Disse o Jonatan. – A gente faz uma roda, finge que ta curtindo e manda uma rodada aqui mesmo. Que acham?
_ Sei lá! Pode dar rolo. – Falei.
_ Ouvi dizer que se não dar uma viajada no salão não é carnaval. – Disse o Cleber.
_ É o que eu acho. – Concordou o André.
E fizemos a roda de modo que enquanto um puxava o lança no meio os outros pulavam curtindo o carnaval, não vendo a hora de chegar sua vez. E assim foi um por uma, de modo que o barulho e a curtição deixavam o efeito do lança muita mais legal...

_ NOSSA!!! QUE DOIDERA!!! UIU UIU UIU UIU UIU... – Berrava o Cleber na rua atrás do clube.
_ Cuidado, idiota! Tá dando muita bandeira. – O puxava o André.
_ Me dá o tubo, é minha vez. – Pedia o Jonatan.
_ O próximo sou eu. – Reivindicava o Hugo.
_ Vai logo enquanto não vem ninguém. – Avisava eu da esquina, sabendo que logo seria minha vez...


“Nossa!” Pensei ao acordar no dia seguinte. “Parece que foi curta a noite.” E me lembrava apenas de flashes de tudo: amigos, garotas, bebidas, música, luzes, confetes, cigarros, serpentinas, canja, primas... E de repente me lembrava da minha prima e do Mário dizendo como eu estava estranho e chato à noite toda...

(Continua e ler em http://blagoiaba.blogspot.com.br/2014/06/aos-meus-amigos-16-parte-ii.html )

sexta-feira, 13 de junho de 2014

Aos Meus Amigos - 14 (Parte II)

(Não leu desde o inicio? Aproveite então em http://blagoiaba.blogspot.com.br/2013/09/aos-meus-amigos-introducao.html)


Não demorou muito para meu irmão nos visitar, já que as aulas iniciaram pouco antes do carnaval. Assim como o ano novo, aquele seria o primeiro carnaval que poderíamos ficar até o fim, sem limites de horários, desde que não aprontássemos. Quatro dias de festa e folia no clube do centro, de modo que certamente seria bem legal.
O carnaval no clube do centro era bem tradicional e sempre vinha muita gente de fora. Minhas primas por parte de pai, Rosana e Maria, viriam e combinávamos por carta como seria massa.
_ Vou chegar na sua prima, Leo. – Dizia o Cleber.
_ Em qual delas? Quero só ver. – Duvidei.
_ Em qual der mole, hehehehe.
_ Chega em uma que eu chego na outra. – Já se meteu na conversa o Mário.
_ Bem que sua prima Michele podia vir também, né? – Era o interesse do Hugo.
As noites no clube seriam de sábado a quarta. Na sexta chegariam meu irmão e minhas primas, e geralmente todo mundo se reunia em frente ao clube, onde as ruas eram fechadas e muitas barracas ficavam vendendo de bebidas a comidas. A tradicional barraca da canja já estava lá também pra aliviar a bebedeira e a fome da madrugada. Combinamos de nos encontrar todos lá, uma vez que minhas primas ficariam na casa dos meus avós e meu irmão iria primeiro na casa do Borges. Passei na casa do Hugo e aos poucos a turma foi chegando: Mário, Cleber, André e Jonatan. O Manezinho se afastava cada vez mais por conta da namorada, e não sabíamos se realmente iria ao carnaval.
_ Bebidas? – Já foi sugerindo o Cleber.
_ Certeza. – Concordamos todos.
Bebidas e cigarros e logo vimos meu irmão com o Borges e amigos.
_ E aí babaca, nada da Rosana e da Maria ainda? – Perguntou ele.
_ Nada.
_ Então depois volto. Falou. – E saiu. Ele estava bem melhor. De outras vezes nem chegaria para falar comigo.
Pouco depois vejo minhas primas, e a molecada já foi ficando louca.
_ Acho que vou chegar na Maria. Ela está mais gata. – Disse o Mário.
Nos cumprimentamos e as apresentei à turma, que logo foram se enturmando. Sugeri bebidas e elas toparam. Ficamos trocando ideias e vendo o movimento. O Jonatan acendeu um cigarro, e eu pensei em dar uma tragada, mas achei melhor não por causa delas, mas a Maria me surpreendeu:
_ Tem um desses pra mim?
_ Claro! – Respondeu o Jonatan, lhe entregando um cigarro e acendendo para ela.
_ Passa um pra mim também. – Já aproveitei, me sentindo mais a vontade.
_ Você também, Leo? – Disse a Rosana, com certo ar de crítica. Fiquei sem graça.
_ Ah, Rô! É carnaval!
_ Tá, fazer o que. Não acho legal, mas vocês quem sabem. Já cansei de falar pra Maria, mas ela não me ouve. Acho que vai ser assim com você também...
Fiquei mais aliviado. Dei um abraço e um beijo nela. Mais bebidas.
Meu irmão chegou e apresentou a turma dele a todos, até aos meus amigos, o que comprovava a mudança de fato. Além do Borges estavam também o Fofo, um rapaz bem gordo e bem peludo, e o Fábio, irmão do Borges. Ficamos todos numa grande turma, e estava bem legal.
Vi uma movimentação estranha entre o André, o Jonatan e o Cleber. Estavam tramando alguma coisa sem que o Hugo, o Mário e eu percebêssemos. Me aproximei:
_ Que tá pegando? Vocês estão escondendo algo.
_ Se quiser ver o que é vem com a gente. Mas não pode falar nada. – Disse o André.
_ Mas minhas primas estão aí, e meu irmão acabou de chegar!
_ Estamos indo. Voltamos logo. Inventa uma desculpa.
Fiquei sem saber o que fazer, mas não podia perder o que era. Disse que iria ao banheiro e me afastei, encontrando os moleques mais à frente.
Andamos umas três quadras nos afastando do movimento sem que eles dissessem nada, apesar da minha insistência.
_ Calma Leo. Você já vai ver. – Dizia o André.
Quando tiveram a garantia de que ninguém se aproximava numa rua quase deserta eles se fecharam numa roda atrás de um carro, e me coloquei entre eles.
_ Acaba com o mistério logo, porra!
_ Bem, Leo, é isso aqui, e se quiser vai ter que entrar no racha. – Falou o Jonatan, mostrando um frasco que tirou de dentro da calça, escondido.
_ Que isso? – Perguntei, vendo o frasco, com uma válvula verde e comprido.
_ Lança-perfume. – Respondeu o Cleber.
_ Caramba! Onde conseguiram?
_ O Jonatan conseguiu com o Silvinho. – Disse o André. – E aí? Vai entrar no racha?
_ Cara, não sei! Ouvi dizer que é muito louco, mas tenho medo. Se nos pegarem com isso estamos ferrados.
_ Faz o seguinte: experimenta primeiro. – Sugeriu o Cleber. - Se depois disso não quiser, ok. Mas acho que isso não vai acontecer.
_ Vocês já experimentaram? É bom mesmo?
Ficaram quietos e só sorriram, com caras de algo incrível.
_ Mas e se eu ficar muito louco?
_ O efeito é rápido. Passa num instante. – Falou o Jonatan. – Vai, se prepara.
Ele ergueu a própria camiseta, espirrou um pouco nela e disse apressando:
_ Vai Leo! Puxa com a boca!
Meio que sem pensar coloquei a boca no local espirrado e comecei a puxar. Era gelado, e logo começou a dar uma tontura gostosa. Na cabeça a impressão que dava era um barulho tipo sirene:
UIU UIU UIU UIU UIU UIU UIU UIU UIU UIU UIU UIU UIU UIU UIU UIU UIU UIU UIU...
Os sentidos foram à mil. O mundo parecia mágico e as luzes e tudo à volta eram incríveis. Tudo estava feliz, e não existiam problemas. Pouco depois a realidade foi retornando. O som sumiu, as luzes sumiram, a magia sumiu.
_ Caralho! Quero mais!
_ Hehehe! Sabia que ia gostar. – Falou o Cleber.
_ Vai, mais uma rodada cada e vamos voltar. Tá no racha então, Leo? – Perguntou o André.
_ Certeza! – Respondi sem pestanejar.
Mais uma rodada, mais uma volta à realidade, cigarros acesos e retornamos à turma. Chegando lá todos haviam notado nossa ausência, perguntando onde estávamos. Para o Hugo e o Mário dissemos que fomos fumar escondido, já que meu irmão estava ali, e para as primas e o Lou que a fila do banheiro estava grande. Não tivemos problemas.
A noite foi desenrolando. O tempo todo algumas pessoas da turma se afastavam por algum motivo, ou para comprar algo, ou para cumprimentar alguém, ou mesmo ir ao banheiro ou fumar. Nessas horas aproveitávamos para nossas rodadas de lança-perfume, que foi esvaziando rapidamente.
_ Caramba! Esse já ta no fim. Acho que vamos precisar de um por noite. – Comentou o André.
_ É caro? – Perguntei.
_ Não muito. – Falou o Jonatan, dizendo quanto tinha pagado.
_ Estamos em quatro. E se cada um comprar um? – Sugeriu o Cleber. – Aí cada noite um fica responsável por levar.
_ É uma boa ideias. – Concordou o André, tendo a aceitação também do Jonatan.
_ Mas onde vocês o escondem em casa? E pra entrar com ele no clube? – Eram minhas dúvidas.
_ Você não guarda cigarro atrás da gaveta de meia? – Disse o André. – É só colocar no mesmo lugar.
_ E pra entrar é tranquilo. Meu primo que faz a revista dos homens na entrada, e ele também curte lança. Não teremos problemas. – Completou o Jonatan.
E então topamos o plano, de modo que o Jonatan falaria com o Silvinho e nos reuniríamos a tarde para as compras. Eu estava com certo medo ao mesmo tempo que empolgado. Voltamos ao local da turma, e o Hugo me puxou:
_ Onde vocês vão a toda hora, Leo? Fiquei reparando que são sempre os mesmos que saem juntos. Que tá pegando? Não confia mais em mim?
_ Relaxa, Hugo. Vai em casa amanhã antes de sairmos que te explico certinho. Mas não fala nada pro Mário não.
_ Sabia que estavam escondendo algo. Fala o que é.
_ Amanhã. Fica calmo que amanhã te mostro.
E ficamos todos na praça, bebendo e conversando. Minhas primas tinham se enturmado bem com meus amigos e a turma do meu irmão era bem legal. O Fofo bebia mais do que qualquer um de nós, e o Borges e o Fábio viviam falando de quadrinhos, e eram histórias bem legais. O Mário estava nos altos papos com a Maria, enquanto a Rosana conversava mais com meu irmão.
Já tarde da madrugada combinamos todos de comer a famosa canja e irmos embora, já que as próximas quatro noites prometiam ser bem agitadas, tanto pelo grande movimento que havia naquela sexta como pela empolgação que estávamos pelo lança-perfume.

A noite teria churrasco em casa para reunir a família, e de lá iriamos para o clube. O carnaval estava apenas começando...