(Não leu desde o inicio? Então aproveite em http://blagoiaba.blogspot.com.br/2013/09/aos-meus-amigos-introducao.html )
Estávamos
pegando o jeito com o futebol americano adaptado às nossas regras, mas ainda
queríamos mais.
_ Se tivesse
mais pessoas seria mais legal. – Comentou o Neuza durante um cigarro já durante
a terceira noite de carnaval.
_ E se
chamássemos o Ivan e seus amigos? – Sugeriu o Mário.
_ Melhor não.
Eles podem acabar nos entregando. – Disse o André.
_ Mas o
lança-perfume já acabou, e quanto à bebida o Ivan já fez sua estreia. – Falei.
O André ficou
pensativo, e todos pareciam concordar.
_ Mas vai ficar
número impar. Precisaríamos de mais um. – Apontou o Jonatan, já meio que
concordando com a ideia.
_ E não teria
como levar todos no carro do Jonatan. – Lembrou o Neuza.
_ Posso chamar
meu irmão também. Ele já está com carta. – Falei.
_ Se for todo
mundo vamos querer ir também. – Disse a Maria, já gostando da ideia.
Paramos para
fazer os cálculos: se todos topassem ir estaríamos em doze. Como as coisas para
o churrasco já estavam no sítio o carro do Jonatan poderia ir com cinco
pessoas, o carro dos meus pais dirigido por meu irmão com mais cinco e a
mobilete com mais dois. Daria certinho. Claro que a Maria e a Rosana não
jogariam, mas os times já aumentariam de três para cinco em cada lado. Seria bem
divertido. Decidimos chamar o Ivan e seus amigos, e depois conversaríamos com
meu irmão. Tudo tinha que dar certo.
_ Que acha,
Lorde?
Perguntei ao
meu irmão depois de presenciarmos a alegria que o Ivan ficou com o convite,
chamando os amigos dele que toparam na hora, desde que seus pais deixassem,
claro. O Antônio tinha até uma bola oficial de futebol americano, o que
deixaria muito mais interessante.
_ Humm! Pode
ser legal. Vou chamar o Borges e o Fábio também. Eles devem topar.
_ Mas aí não
cabe nos carros.
_ O Borges tá
com uma mobilete. Não vai ter problema. E quanto de bebida vai ter?
_ Ontem e hoje
levamos uma caixa de cerveja de lata por pessoa.
_ Ok. Vou falar
com eles. Se toparem eu vou.
E assim armamos
um grande jogo para a tarde do último dia de carnaval, o que parecia que seria
incrível.
_ Como
dividiremos os times? – Perguntei, depois de comermos e bebermos um bom tanto.
_ Que tal da
forma clássica? – Sugeriu meu irmão.
A forma
clássica era por par-ou-ímpar entre os dois mais velhos ou melhores no jogo,
que se alternariam para escolher entre os participantes. Como não tinha ninguém
melhor por ser um jogo novo para nós, meu irmão e o Jonatan que escolheriam.
_ Par!
_ Impar!
O Lourenço
ganhou.
_ Quero o Borges.
_ André.
_ Vem Leo.
Caramba! Estava
separado da minha turma. Achei que o Lourenço escolheria o Fábio e que o
Jonatan me escolheria em seguida.
_ Mário.
_ O Fábio.
E assim seguiu,
de modo que os times ficaram assim: Lourenço, Borges, eu, Fábio, Neuza e
Antônio num time; e Jonatan, André, Mário, Hugo, Ivan e Hélio no outro. O
Antônio estava meio deslocado por ter se separado dos seus amigos também, mas
não teria jeito. Cada time foi para seu lado. O jogo iria começar.
_ E aí, Leo?
Qual o esquema do pessoal do outro time? – Perguntou meu irmão.
_ Temos essa vantagem.
Vocês conhecem o time todo deles, mas eles não conhecem o nosso. – Completou o
Borges.
_ É verdade.
Ali os mais rápidos são o André e o Hugo. Geralmente o Jonatan que recebe a
bola inicial para lançar para um deles. O Mário prefere jogar na defesa, e
provavelmente vai tentar parar você, Lourenço. O Ivan é meio mole de corpo, mas
ligeiro. O Hélio que não sei.
_ Que fala do
Hélio, Antônio? – Perguntou o Fábio.
_ Mas aulas de
educação física ele não costuma ser bom não. É meio preguiçoso.
_ Certo. –
Disse meu irmão. - Vamos fazer o seguinte então: Cada um marca aquele que
conhece melhor. O Leo vai atrás do André, o Neuza do Hugo, o Antônio do Ivan.
Deixa o Mário comigo e o Borges tenta marcar o Jonatan. Fábio, o Hélio é seu.
Todos a postos.
Como nosso time começou a escolher os jogadores o time deles teria o inicio da
bola. A Maria e a Rosana aguardavam empolgadas o inicio do jogo, tendo
escolhido torcer para o nosso time, claro, pois era o dos seus primos.
O jogo começou:
o Mario jogou a bola para o Jonatan que começou a recuar enquanto o André e o Hugo
corriam pelas laterais. O Mário foi para cima do meu irmão para segurá-lo, o Ivan
tentou me barrar e o Hélio marcava o Antônio. O Jonatan jogou a bola para o
Hugo no momento em que o Borges voava sobre seu tórax, derrubando-o. O Neuza
pulou em direção ao Hugo que jogou rapidamente a bola para o André, mas antes
de chegar até ele interceptei e peguei no ar, uma vez que tinha me livrado da
marcação do Ivan.
_ Porra, Hugo! –
Gritou o André.
Comecei a
correr na direção da nossa linha de gol, percebendo que o Mário tentava vir
para cima de mim, mas meu irmão o barrou. Nisso o Hélio abandou a marcação que
fazia no Antônio e veio em minha direção, e, antes que eu pudesse jogar a bola
para o Fábio, que estava mais próximo da linha do gol, ele pulou para me
segurar e me derrubou.
_ Boa Helinho!
Boa Helinho! – Gritava o Ivan, comemorando.
Retomamos o jogo
de onde eu havia sido derrubado. Tínhamos mais duas chances como aquela se não perdêssemos
a bola, e estávamos próximos à linha de meio campo que havíamos combinado.
_ Qual o plano?
– Perguntei.
_ Somos maiores
que eles. E se aproveitássemos disso? – Sugeriu o Borges.
_ Como poderíamos
fazer isso? – Perguntou meu irmão.
_ Lembro de um
quadrinho em que todos os heróis se enfrentavam, de modo que a briga era
difícil por procurarem anular os mais fortes. Mas foi justamente no mais fraco
que conseguiram a vitória, pois ninguém esperava que ele levaria o medalhão
mágico até o altar.
Ficamos
pensativo. Naquela altura o Antônio era o mais novo de nós, o que concluímos ser
o que menos se esperaria algo dele, e então armamos o plano...
_ Vinte sete!
Sessenta e oito! Quarenta e dois! – Dizia números aleatórios que me vinham à
cabeça. – Vai!
E joguei a bola
ao Fábio. Nisso, todos, inclusive eu, nos fechamos quase que numa roda de
costas para eles, que vieram em nossa direção, mas sem entender nada. Ao se
aproximarem, nos viramos rapidamente para segurá-los, dando proteção ao Antônio
e o Fábio, que corriam pelas laterais.
_ Vai Fábio!
Corre! – Gritávamos.
E de modo
instintivo, o André, o Hugo e o Jonatan foram em sua direção, livrando nossos
jogadores para proteger melhor o Antônio, que era quem realmente estava com a
bola. Ponto para nós.
_ Sacanagem!
Reclamavam eles
uns com os outros, de modo que aquilo começou a incentivar mais as estratégias
do que o confronto físico, e assim o jogo seguiu, mas a equipe deles acabou
ganhando, com certo destaque do Hélio, que se mostrou bem versátil.
_ Helinho?! Se
você fosse uma mulher eu daria pra você! – Soltou o Ivan.
Silêncio de
todos.
_ QUÊ?!? – Falou
o André.
_
Hahahahahahahahahaha!!!! – Foi a reação de todos.
_ IHHH! O Ivan
é namoradinho do Helinho, hahahaha! – Gritou meu irmão.
_ “Ai, Helinho!
Vamos no matinho para eu dar para você?” – Tirava sarro o Jonatan.
E assim
terminava mais uma tarde no sítio do Jonatan, depois de muita correria, cerveja
e cigarros. Novas pessoas integravam à turma, assim como um novo apelido
surgia. O Ivan agora era o Helinho. E o Hélio, bem, ficaria sendo o Namoradinho
do Ivan. Fazer o quê?